Despertei
(ou ainda dormia, não sei se adormecido, entorpecido, recoberto por náuseas)
Des-per-tei
Apartei-me.
Sai aos poucos de mim... meu corpo foi ficando
Eu ia levitando, eu estava ali, deitado.
Eu ia levitando, eu estava ali, deitado.
Ouvia uma música de fundo, melodias sacras, cantos gregorianos, não sei precisar, as melodias de fundo barroco, quem o sabe, eu estava só, ninguém para me ajudar a decifrar. Ergui-me de mim mesmo, uma película esbranquiçada, transparente, como que um fantasma. Levitei-me, levitei sobre o quarto de dormir, sobre os livros jogados pelo chão, garrafas de cerveja, copos vagabundos e não taças (o que seria mais poético), velas, guimbas de cigarro... cinzeiros sujos, restos de mim e de meu vicio. Levitei sobre as folhas de papel amassados, pensamentos descartados, atravessei a porta, e o vento me levou como um lençol quarando no terreiro.
Despertei-me.
Não pertenço mais a mim.
Não.
Não pertenço mais a mim.
Não.
Flávio Mello
Um comentário:
Transcendente, Flávio...
Postar um comentário