em minhas contas não conto a verdade
consta que procedo correto
decido a ludibriar o que sinto e penso
(e só de pensar me vem a máscara)
finjo que tudo é etéreo
e que a vida é bonita
de nada vale a carícia
quando precedida pela, e precedendo a explicação
vale o gosto que não se prova
vale a dúvida que não esmorece
o disfarce é a maneira covarde de anunciar tristeza
a que não se anuncia ao primeiro olhar
e tudo passa por belo
por proveitoso
e aceitável
quando me vires novamente
não me digas a verdade
essa serve ao que não anseia e não vive
digas o que faz bem
e assim talvez o disfarce desfaleça
sabes bem que em meu peito bate disfarçado um luto
a luta perdida no afastar-se
na diferença
se eu me chamasse cômodo
e o mundo fosse em camadas
esperaria
esperaria
esperaria
e fico aqui
um eterno dissimular das sensações que não raciocino
elas são meu ser e minha ausência
de pecado e de vivacidade
e que só me serviram para não viver
viver
domingo, 17 de agosto de 2008
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Um comentário:
Zé, tu é foda!
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