sexta-feira, 4 de junho de 2010

PRIMEIRAS LEITURAS






















a nuvem passou veloz.

vinha em forma
de coelho.

atrás dela, outra:

flocos brancos
de serpente.

a criança apontou o dedo.
afiançou: o coelho foge.

ontem fez três dias.
o coelho não tornou.

afiançou novamente a criança:
céu puro, coelho vivo.

não sei da leitura das nuvens.

perdi horas de frases inteiras.

quisera saber do verbo
como sabem
as crianças da roça.

de manhã vi a serpente.
o ventre carregado.

arrisquei: aposto que chove.

não choveu
e a criança se riu.

se riu de meus olhos homem.

não era cobra.
era Santo.

Santo forrado de pão.

corei de pecado burro.
fiz o sinal da cruz.

não carece, disse a criança,
esse santo não chove nem molha.


Anderson H

2 comentários:

MARCELO FARIAS disse...

Você é, sem dúvida, um dos gigantes desse tempo!...

Flávio Mello disse...

gostei de algumas imagens... senti um su-realismo, religioso se formando... pode ser uma ponte... pode ser...