a nuvem passou veloz.
vinha em forma
de coelho.
atrás dela, outra:
flocos brancos
de serpente.
a criança apontou o dedo.
afiançou: o coelho foge.
ontem fez três dias.
o coelho não tornou.
afiançou novamente a criança:
céu puro, coelho vivo.
não sei da leitura das nuvens.
perdi horas de frases inteiras.
quisera saber do verbo
como sabem
as crianças da roça.
de manhã vi a serpente.
o ventre carregado.
arrisquei: aposto que chove.
não choveu
e a criança se riu.
se riu de meus olhos homem.
não era cobra.
era Santo.
Santo forrado de pão.
corei de pecado burro.
fiz o sinal da cruz.
não carece, disse a criança,
esse santo não chove nem molha.
Anderson H
2 comentários:
Você é, sem dúvida, um dos gigantes desse tempo!...
gostei de algumas imagens... senti um su-realismo, religioso se formando... pode ser uma ponte... pode ser...
Postar um comentário