Se desenhasse tua boca
ia direto à língua
que nem Michelangelo
que toca o cadáver
a descobrir o músculo
no tato
e exporia ao mundo
o que não se vê
na corrente sanguinia
que estremece o intocável
ser
ser nua a esfinge
na fissura da lâmina
que nem o dedo de Deus
a dispensar altares
e espalhar as cores
em forma de querubins
me cerceando
o pecado é santo
a língua limpa
a língua
a língua
sou pura demais
e o preço é alto
não falo de amor
não falo de conveniencias
sou toda inconveniencia
e você
acorrentado num pedestal
detentor da própria chave
nenhuma decisão me cabe
ah, se adivinhasses o quanto me custa!
Ivone FS
4 comentários:
Perfeita sempre, Ivone!
Forte e sedutor!
obrigada , Marcelo!
obrigada Trish River
participei do V Concurso de Poesia do Parlapatões, com este poema. não levei o prêmio, mas amei participar!
abraços
Que escrita divinal!
Concordo, 'Forte e sedutor', as suas palavras seduzem tanto quanto um olhar, aliás, bem mais, bem mais...
Parabéns(devia ter ganho, com certeza!)!
Cumprimentos, Filipa Teixeira.
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