quinta-feira, 5 de agosto de 2010

IRINA























Eu já me considerava morta quando cheguei ao castelo de tio Ivan. Que sentido a vida poderia ter para mim? Ficar longe de papai já era um tormento pior que o inferno. Perdê-lo _o que viria a acontecer três meses depois _numa emboscada preparada por conde Vladimir, significava a própria morte.
Não posso mais esperar por minha família. Meus irmãos, Nicolai e Mihail, estão concentrados em sua luta obstinada contra o conde. Minhas irmãs, Vladia e Mila perderam o contato comigo desde que casaram, há mais de sete anos. E certamente não quereríam sequer olhar para mim, em virtude do que eu fizera. Eu era apenas uma órfã eternamente amaldiçoada por seu pecado: o incesto! Sim, exatamente isso, eu me entreguei a meu pai. Assunto escandaloso, jamais comentado por minha família, mas sempre cochichado, lembrado, pelas bocas maldosas dos velhos criados.
Eu amava meu pai. Adorava sentar em seu colo, sentir o calor de suas mãos grandes, quentes. Sempre chorava para não largá-lo. No início era apenas apego de criança. Com o correr dos anos, tornou-se desejo... Uma noite, quando já possuía toda a beleza e o poder de uma mulher... o seduzi! Aproveitei-me que seu espírito estava enfraquecido pelo vinho, deixei minha camisola cair e fiquei nua em sua frente... e ele não pode resistir... possuiu-me como um animal feroz!... Jogou-me no chão, beijou-me com força. Fazendo-me sentir seu hálito forte, de vinho. Depois abocanhou meu corpo branco, sedento de volúpia, como um lobo faminto. Abriu minhas pernas com força, abriu suas calças... e penetrou o membro viril em minha fenda inflamada. O sangue correu e a dor fez-se rápida... logo seguida por um tremor que me tomou toda, até eu desfalecer em seus braços, equanto ele me possuía.
Não fomos pegos na primeira noite. Usufruímos ainda um ano de pecado. Eu sempre chegava de camisola, pedindo seu carinho como a menininha que sempre fui para ele... Porém, não mais a menina pequena e inocente do passado. Agora eu era uma mulher. Sentava com minhas coxas grossas e minhas nádegas voluptuosas em seu colo. Ele sentia os pêlos avermelhados de meu sexo sobre suas calças, bem em cima de seu membro, que se enrigecia. Eu abria a camisola e mostrava meus seios, de bicos rosados, pedindo por sua boca. E ele caía... Ele sempre caía... Eu era sua perdição... Nosso amor proibido se tornou tão forte, que perdemos toda a vergonha e nos descuidamos. Uma manhã, fomos descobertos dormindo, abraçados, nus, por uma criada. Eu estava deitada sobre ele, com a cabeça repousada em seu peito. A criada logo foi chamar minha mãe. Minha mãe ficou paralizada com a cena. Segundo me contaram, quando finalmente conseguiu esboçar uma reação, correu e se atirou do alto da muralha de nosso castelo.
Nunca me arrependi da morte dela. Passei a odiá-la profundamente quando se tornou infiél e aceitou a doutrina dos luteranos. Vivia absorta em suas novas leituras da bíblia, em suas conversas com outros inféis, que ela trazia para dentro de nosso lar, profanando-o. Em sua contínua ocupação com sua nova Igreja, praticamente abandonou papai. Só procurava sua presença se fosse para tentar convertê-lo. Foi quando papai passou a se afastar dela... e procurar pelas criadas. Estava abalado, enfrequecido, pronto para mim...
Apesar da infidelidade espiritual de minha mãe, papai munca se perdoou por sua morte. No início, mergulhou no vinho. Depois, deixou de dar valor à própria vida. Não sendo capaz de se matar, se arriscava. Foi assim que tornou-se presa fácil para as espadas afiadas dos soldados de conde Vladimir _que não o perdoava por ter matado a Ferenc, seu filho mais velho. Foram sete golpes de espada. O último, quase decepou sua cabeça, que ficou tombada para a esquerda, como disseram dois de nossos soldados, que sobreviveram à emboscada. Senti-me mortalmente culpada por sua morte.
Tio Ivan e tia Catrina, sempre souberam de nosso pecado. Por isso, desde que cheguei a seu castelo, me trataram como uma louca. Não podia dar um único passo, sem que os criados me perguntassem onde pretendia ir. Estes me consideravam uma amaldiçoada. Quando passavam perto de mim, dizíam em voz baixa:
_Vampira!... Você será uma vampira!... _e eu simplesmente calava.
Minha sina, desde que chegara ali, seria me contentar com a reclusão de meu quarto e com a visão dos campos e da floresta distante _enevoada _quando estava na sacada do quarto. Era meu único momento de liberdade: olhar para floresta ao longe. Desde o início notei que ela me chamava. Foi quando os sonhos começaram.
No primeiro, eu corria nua pela floresta, sentindo o vento acariciar, gelado, o meu corpo. No sonho, eu sabia que estava morta. Porém... sentia-me mais viva do que nunca! No segundo, eu via... a clareira! A reconhecia!... Embrora nunca a tivesse visto antes. No terceiro... elas apareceram... Suas vozes me chamavam como lamentos. Como lobos uivando tristonhos... Via apenas vagamente seus rostos, meio encobertos pelas sombras. Seus olhos tristes. Suas expressões de um profundo sofrimento, como se tivessem uma doença e precisassem de mim para curá-las.
Por noites a fio sonhei com elas chorando, lamentando, me chamando. Foi quando não suportei... Uma noite, fiz uma corda com meus lençois e alguns vestidos. Desci até meus pés tocarem o solo frio, áspero e pedregoso. Era quase como se eu não usasse meus sapatos. Corri, fugi para a floresta. Fui encontrá-las. Corri pelos campos, em meio à névoa. Logo alcançei a floresta. Corri feito uma alucinada, quase como se estivesse drogada, bêbada, ou coisa assim. Foi quando vi a clareira... e elas!
Elas estavam juntas, como irmãs. Como juízas em um tribunal. Isso me intimidou, lembrei-me imediatamente de meu pecado. Olhavam direto para mim. Fiquei paralizada. Foi quando elas sorriram... e mostraram suas presas. Meu sangue gelou. Uma delas então falou com voz sibilante:
_Você é nossa, Irina!...
Fiquei apavorada... Absolutamente aparvalhada, corri! Corri de volta. Corri sem olhar para trás... Não, não queria aquela punição, não! Mas elas ríam. Gargalhavam. Elas estavam atrás de mim. Eu sabia. Sentia elas se aproxiamrem, embora não ouvisse seus passos. Seus risos, cada vez mais próximos, deixavam claro que elas estavam me alcançando. Eu mudava de direção, como que querendo confundí-las. Mas seus risos continuavam. Foi quando me vi de novo... na clareira!
Elas então surgiram, as quatro, a minha volta... Saíam da bruma lentas, poderosas e precisas. Antes que eu pudesse gritar... elas estavam sobre mim. Duas me agarravam por trás, pondo meus braços para cima, com uma força surpreendente em suas mãos geladas. As outras duas tiraram meu vestido. Quase o fizeram em pedaços. Agarraram minhas pernas. As abriram, pondo-me arreganhada como uma prostituta. Gritei! Elas riram. Gargalharam. Zombaram de mim dizendo:
_Ninguém pode lhe ouvir Irina. Ninguém...
Tentei me soltar de seus braços. Mas eles eram como correntes. Foi quando as que agarravam minhas pernas, começaram a mordiscar e lamber minhas coxas. Um arrepio tomou conta de todo meu corpo. As outras começaram a apalpar meus seios. Brincar com meus mamilos com a ponta de seus dedos longos e frios. E a que parecia ser a líder delas disse:
_Não resista, Irina... Você gosta! Não é? Você gosta sim! Você quer!...
Suas palavras faziam minha mente se perder. Como se me hipinotizassem... Eu me rendia, mesmo sem querer, ao desejo delas. As mordidas e lambidas em minhas coxas emitiam uma onda de prazer que ia até meus mamilos, que fazia quimar meu coração e secava minha boca. Foi quando uma delas simplesmente começou a passar a língua molhada nos lábios já melados de meu sexo. Ela foi passando rápida, agil. Brincando com o botão entre os lábios... até enfiar dentro de mim... Enfiar sua língua como um navalha úmida... Soltei um suspiro quase agonizante...
_Isso!... Goza!... Sente prazer, Irina... Sente prazer... _dizia a líder me alisando o seio direito. A outra já abocanhava meu seio esquerdo. Sua língua passava molhada sobre meu seio branco, brincando com o mamilo rubro, rijo... Fazendo-me tremer toda...
Olhei para as duas abaixo, entre minhas pernas. Como lobas famintas, elas brigavam por meu sexo. Suas presas apareciam, elas rosnavam uma contra a outra.... E mal uma vacilava, a outra já abocanhava-me a vulva inchada, com os pelos avermelhados molhados e pingando saliva. As línguas me penetravam, lambiam lábios, pistilo, sugavam minha flor inchada, fazendo escorrer todo seu mel....
A que mamava meio seio o deixou e desceu, abocanhando meu corpo. Enfiou a língua em meu umbigo. Estremeci... Eu me debatia, cada vez mais lenta... Em vão... Comecei apenas a me contorcer de prazer.... Até que... Gozei!
_Isso, Irina! Goza! Rssrsrs... Gozaaaa!!!...
Elas me deitaram então sobre minhas roupas rasgadas no chão. Lamberam todo meu corpo. Depois, sem me dar descanço, ordenaram:
_Fica de quatro, marquesinha!... Fica, vai!... Ahahahah... Se empina como uma prostituta, vai! Como uma cachorra no cio! Ahahahaha....
Enlouquecida, obedeci. Fiquei de quatro, encostando meus seios no vestido macio, estendido sobre o chão. Estiquei meus braços para frente e empinei bem minha bunda, feito a mais sórdida das prostitutas. A líder veio pro trás e abocanhou meu sexo. Lambeu e chupou forte, como que sugando um fruta suculenta. Tremi toda. Ela então, numa atitude vil, suja, vulgar, obscena.... abriu minhas nádegas com as mãos... e enfiou sua língua serpenteante em meu ânus.... Gritei! Queimei por dentro. Fiquei louca de pecado, de luxúria! As outras riram.
_Grita! Grita, Irina! Você gosta, não é! Não é, sua prostituta suja! _dizíam dando-me tapas fortes nas nádegas.
Chorando de prazer, comecei a rebolar feito uma puta sem valor. A líder se deliciava em minha bunda. Ora enfiava e tirava a língua em meu ânus, ora mexia a cabeça para os lados, com a língua enterrada lá dentro. Enlouqueceu-me dessa forma por minutos que pareciam infinitos, até que mudou de idéia. Fez algo ainda mais sujo... Enfiou dois dedos, o indicador e o médio, em minha vagina... e também enterrou o polegar em meu ânus... Gemi feito uma cadela. Ela então começou a fazer movimentos rotativos com os dedos lá dentro. Gemi, chorei, rebolei... Tola, vulgar! Ela então passou a fazer movimentos de vai-e-vem com os dedos. Provocou então:
_Isso, sua prostitutazinha! Rebola! Robola!...
Uma das outras então me puxou pelos cabelos e me beijou. Praticamante devorando minha boca. Sua língua se enroscando na minha. Ela então parou e falou:
_Gostou? Gostou, sua rameira? Gostou de beijar minha boca? Gostou, heim? Gostou de beijar a boca de outra mulher? Heim!? Sua rameira! Porstituta!... _Vociferava pegando em meu rosto com força. Precionando os lábios, que ficavam entreabertos, mostrando meus dentes trincados como os de um animal. Balançava minha cabeça e desgrenhava meus cabelos. Quando ela me deu um tapa no rosto, simplesmente gritei!... E gozei novamente...
Caí... Comecei a desfalecer... mas antes que perdesse os sentidos, senti a dentada em meu pesçoço. A dor enrigeceu todos os meus músculos. Eu mal conseguia respirar... A líder sugava meu sangue com força e eu sentia minhas forças me abandonando. Minhas pernas tremendo. Meu corpo todo esfriando. Comecei a ouvir os risos das outras... como ecos distantes. Desfaleci... e nem senti quando elas todas se serviram de meu sangue... e me condenaram para sempre!...


Marcelo Farias. Ilustração: retrato de Elizabeth Bathory