(leia ao som de Piaf)
ou não é pra ser gostoso
Ele me empurra Piaf goela abaixo com tanta força que sinto minha alma ser espremida. Me remexe o útero, o ovário me faz tremer..., ao me morder, ao me ferir a pele. Unhas afiadas de gato vira-latas.
Ele me sente pálida nos dedos grossos, me penetra, arteiro, artilheiro, cheirando a futebol, grama, bola e batom, me viola o corpo enquanto lavo a louça do almoço, que ele nem comeu, mas me come enquanto derrubo um prato, um copo, um garfo.
Piaf me cala, me engasga como cubos de gelo, com as pontas dos dedos.
A agulha circula os sulcos do vinil, arranha minhas ranhuras, minhas digitais, minhas entranhas. Me engasgo com sua saliva quente, melada, cheia de mim. Cheia de mim a escorrer por nossas pernas que se cruzam, animais de rua, sob a chuva, sob a lua e eu sou tão sua.
Obediente me mantenho calada.
Sinto minha vida de escrava todinha em seu olhar, capitão-do-mato que me mata e me dilacera com seu chicote quente, enorme e viril. Meu homem.
O homem a quem pertenço me reza feito terço, não perde nada do meu corpo, enquanto rezo... ele me suga, feito manga me descasca, me morde, me devora, e aquilo que lhe escorre pelos cantos da boca sou eu. Esse homem tão cheio de si, tão sem instrução, mas que faz de mim mulher, faz de mim o que quiser.
Ele me sente pálida nos dedos grossos, me penetra, arteiro, artilheiro, cheirando a futebol, grama, bola e batom, me viola o corpo enquanto lavo a louça do almoço, que ele nem comeu, mas me come enquanto derrubo um prato, um copo, um garfo.
Piaf me cala, me engasga como cubos de gelo, com as pontas dos dedos.
A agulha circula os sulcos do vinil, arranha minhas ranhuras, minhas digitais, minhas entranhas. Me engasgo com sua saliva quente, melada, cheia de mim. Cheia de mim a escorrer por nossas pernas que se cruzam, animais de rua, sob a chuva, sob a lua e eu sou tão sua.
Obediente me mantenho calada.
Sinto minha vida de escrava todinha em seu olhar, capitão-do-mato que me mata e me dilacera com seu chicote quente, enorme e viril. Meu homem.
O homem a quem pertenço me reza feito terço, não perde nada do meu corpo, enquanto rezo... ele me suga, feito manga me descasca, me morde, me devora, e aquilo que lhe escorre pelos cantos da boca sou eu. Esse homem tão cheio de si, tão sem instrução, mas que faz de mim mulher, faz de mim o que quiser.
Flávio Mello http://www.escritorflaviomello.com.br
Um comentário:
Pura poesia!
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