- Amanhã a gente vai almoçar na casa da vó, tá? Eu te acordo às 8:00h.
Comé? Eu não estava a fim de passar meu sábado de – eca – carnaval na casa da avó. Eu já havia desligado o computador e não teria como avisar os meus amigos interneteiros que estaria off até a tardinha (pode não parecer mas isto é grave em dia de férias). Além do mais meus avós moram numa cidade extremamente pequena. Quando pirralha eu até brincava na terra mas, agora, não sei o que se faz por lá. Por aqui, aliás. Eis-me aqui.
Equipei-me de tudo o que poderia precisar: celular – fora de área de cobertura -, óculos escuros, um bom livro, mp4 player, chiclé e papel e caneta; pro caso das palavras virem.
Ainda há pouco, sentada aqui com o meu livro na mão, aparece-me uma senhora, que me parece conhecida. Vizinha da vovó, supus. Como estavam todos dormindo, fechei o livro e fui abrir a porta.
Equipei-me de tudo o que poderia precisar: celular – fora de área de cobertura -, óculos escuros, um bom livro, mp4 player, chiclé e papel e caneta; pro caso das palavras virem.
Ainda há pouco, sentada aqui com o meu livro na mão, aparece-me uma senhora, que me parece conhecida. Vizinha da vovó, supus. Como estavam todos dormindo, fechei o livro e fui abrir a porta.
- Olá – cumprimentei-a.
Era daquelas meio acima do peso. Usava uma calça de ginástica que lhe dava uns 40 quilos a mais. Trazia uma daquelas santinhas que vão passando de vizinha para vizinha.
- Pode deixar aqui – apontei para a mesa.
- Aproveitando as férias para ler um pouco?
- Pois é. Não dá pra parar, né?
- É mesmo. Você tá em que série?
- Vou pro terceiro ano agora...
- Aproveitando as férias para ler um pouco?
- Pois é. Não dá pra parar, né?
- É mesmo. Você tá em que série?
- Vou pro terceiro ano agora...
Ela disfarçou o espanto e tentou não me deixar perceber que me imaginava mais nova.
- Hum... E vai fazer o que na faculdade?
- Jornalismo.
- Ah! Mas aí tem que ler mesmo, né...
- Pois então.
- Mas tem Jornalismo aqui por perto?
- Eu pretendo me mudar. Florianópolis, talvez.
- Jornalismo.
- Ah! Mas aí tem que ler mesmo, né...
- Pois então.
- Mas tem Jornalismo aqui por perto?
- Eu pretendo me mudar. Florianópolis, talvez.
Agora ela já não disfarçava. Fitava-me com descrença. Como se dissesse “Que boba, menina. Contente-se com Xaxim.” Limitou-se:
- É. Daí tem que estudar mesmo.
Sorri. Ela continuou, com ar de velha sábia:
- Não dá pra ficar perdendo tempo com frescuras...
- Tampouco filosofando sobre a vida alheia.
Ela estufou o peito e foi-se embora, dizendo:
- Boa sorte.
Na verdade a educação não me permitiu dar essa última resposta. Mas quando eu estiver realizando o meu sonho bem longe de Xaxim vou fazer questão de que ela saiba.
Na verdade a educação não me permitiu dar essa última resposta. Mas quando eu estiver realizando o meu sonho bem longe de Xaxim vou fazer questão de que ela saiba.
- Duda de Oliveira.
Um comentário:
Ave, Duda! Maior escritora teen do Brasil!
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