José,
Apaga o fogo, José!
Se rebela,
Se rebola,
Se entrega.
José,
O mundo hoje é outro:
É mais escroto,
Mais eclético,
Mais dietético...
José,
O mundo hoje é cibernético.
Então descola,
Então agride,
Então guerreia, José...
Tira essa camisa surrada,
Veste Prada, José!
Calça um Manhattan Richelieu!
Banhe-se de água francesa,
E vá bailar...
Mas não dance na chuva, José...
Não se despenteie,
Não beba além da conta,
Não corte os sinais,
Não dê trela para os desconhecidos,
Não confie na internet,
Não fique se comparando com Gianeccheni,
Não leia Paulo Coelho, José...
(Estas coisas são perigosas)
José,Acorda pra vida,
A vida hoje cabe numa manchete de jornal,
A vida hoje sangra,
A vida hoje, José, não é como antes...
Nossos pastores, José, pedem o dizimo do dizimo...
Nossas cartomantes não conhecem as cartas,
Não há mais fadas nos jardins,
Nem duendes nos quintais...
Não há mais magia, José,
Não há mais crença,
Não há mais pureza,
Virgens são notas raras, José...
Então acorda,
Vai buscar água, José,
Apaga o fogo, José!
O mundo tá incendiando.
Radyr Gonçalves. Ilustração: cena de Tempos Modernos (1936).
Um comentário:
M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O !!!
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