Conheço os pedaços da casa,
que gemem ao peso do corpo
e o estalar uniforme
e rouco
dos móveis de junco.
Conheço o rubicundo silêncio,
que adorna as paredes contíguas
e o ranger
das portas novas
de madeira antiga.
O choro grave das janelas
e a ação constante do vento
já são das vis aquarelas
um vil elemento.
A gravidade
que vai sobre os pregos,
que dormem na sala da frente,
já são tão ou mais importantes
que os próprios batentes.
Conheço a telha que vê,
mas cala, por caridade,
ante o pio indolente
do afeto e da realidade.
Conheço a ferida aberta
no teto e na minha mala
e a vala
que abriga os sonhos
no nosso quintal.
Mas a ti, meu amor,
a ti, que moras comigo, conheço,
mas conheço muito mal!
Anderson H. Ilustração: Casal - instalação de Magritte.
2 comentários:
Você é um surrealista.
Apreciado como arte escrita, que fica na mente gravada...
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