quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

MÁFIA DAS MUSAS
















Musas enclausuradas bebem
estrelas pagãs.
Espancan-se,
compartilham o fel do sangue equivocado,
perdem o rumo em olhos bizarros
e ardem em terríveis desejos humanos.

Escravas da beleza luxuriosa,
pedintes do pecado da ternura,
canina e esterlizada,
fama da cama,
no manto da noite solitária.
Derramamento de fetos divinos,
amores lunáticos
nos seus rituais coagulados.
Anjos decaídos para todos os lados.

Roda de macumba,
preces desesperadas,
mulheres rasgadas nas entoadas fatais.
_Traga-me o som das sanguessugas!
Leve-me para longe destas rugas
de dentro da lama congelada.

Armas que atiram para dentro,
gritos que arrebantam o firmamento,
terrorismo de Vênus
que nos hipnotiza e acorrenta
no sonhar mais terrível:
Do platônico... Do absurdo... Do impossível.
(inflamável divino)




Rita Medusa. Ilustração: cena da peça As Bacantes, de Eurípedes.

Um comentário:

Marcelo Farias disse...

Delírio! Sem palavras! Minha cabeça tá rodando!