não que o coração me fosse pai
ou que a paixão devota me apanhasse
pela espinha inocente em chicotadas.
minha questão interior com as estradas
começa
no ponto
em que a veia adultera o fluxo contínuo do sangue
e me põe rios de lavas
a correr montanha acima,
na direção da boca,
do cume incauto da língua,
no rumo do “eu te amo”.
nunca fui exangue de passos
e sempre que pude
caminhei pelo mais difícil.
forçar movimentos, dominar peristaltias,
fumar crisálidas e cuspir borboletas de artifício
é de minha essência nó em fumaça.
a bem da verdade,
por amor,
não há o que eu não faça
e bem sabe
minha amada
que por mais que a voz me falte,
não titubeio em subir à amurada do sol
para gritar seu incasto nome em chamas.
Anderson H. Ilustração: nebulosa de Órion, em imagem do telescópio Hubble.
2 comentários:
Anderson, Órion te sauda!
=D
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