quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A SOMBRA























Ontem, atravessei a rua
E a minha sombra ficou do outro lado.
(Des)assombrado olhei para ela
E ela zombava de mim.
Estava morrendo de rir.
Dava gargalhadas em escárnio
À minha condição humana.
Ria por eu ser humano,
E feliz se sentia por ser apenas uma sombra.

Senti a felicidade sua de ser sombra,
E não ter que me acompanhar.

Virou-se e andou dois passos.
Eu a segui.
Olhou-me de soslaio e tornou a andar rapidamente.
Apressei o passo.

A sombra caiu...
Gargalheando arcadas chaplinianas.

Depois levantou-se e disse-me:
Agora és tu minha sombra!


Tiago Oliveira de Sousa.