quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CONVERSA DE CHUVA



















não sou eu,
é o destino!

ele me cai do céu,
me enfia
no meio da terra

e prenha o mundo dos outros.

se dá de nascer esperança
fazem festa em minha enchente.

se dá de chorar a dor
na hora viva do parto
me cantam à capela,

com direito a roupa preta,
vela grande, branca e acesa
no meio das mãos da santa.

não sou eu,
é o destino!

só faço fechar os olhos
quando me precipita
o avolumado negro das nuvens...

Anderson H

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

POR QUE DÓI?


















Diga, o que dói
Na menina,
Se é a sina
Que assassina seus conceitos.
Quisera-a comigo
Apertada bem forte
Contra meu peito,
Afagando seus cabelos negros
Que - não nego -São lindos
Sim.

Eu a quis para mim,
E não a queria longe.
Transformei-me
De mundano, a monge.
Mas cada uma daquelas dúvidas
Fizeram nossas viagens
Viúvas
Uma da outra.

Como não lembrar daquela boca...
Abrindo o céu para mim?
Da alma despida,
Do sorriso lindo
Adornado...
Como esquecer,
De ter sido amado
Com toda a força
Da imprudência?

Talvez tenha sido essa a dor,
Essa mesma que dói, dói, dói...
E que corrói
Cada momento em que tento
Entender.

Dói. Eu sei.
Mas
Porquê?


Eduardo Perrone

domingo, 24 de janeiro de 2010

A RELATIVIZAÇÃO DA FAMA

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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O VAMPIRO DA BELEZA



















Márcio Santana não produz literatura... vive!... Jamais haveria Márcio Santana se não existissem as letras. Carregando seu bloquinho para quaisquer anotações casuais, Márcio fotografa momentos no papel. Produz esboços para depois transformá-los em quadros de intensa vida, como um Degas, um Van Gogh, um Lautrec das letras. Seus textos parecem exalar cheiro, emanar calor... São quentes e úmidos, como a Manaus em que vive.
Espírito da noite, Márcio vaga por bares e praças, boates e bordéis. Convive com amigos e estranhos. Se alimenta de ambiêntes e pessoas como se fosse um vampiro benévolo, que suga a vida para transformá-la em beleza. Seus personagens são o bêbado, a puta, o vagabundo, o drogado, o travesti... Tudo o que cheira, ou fede à vida lhe apetece. São como ilustres anônimos que ganham dimensões gigantescas sob sua pena.
Mas Márcio também delira. Entusiasta do realismo mágico, envereda pelo absurdo para expressar uma outra dimensão do real: a interna. Escreve contos surrealistas que são como sonhos, quase ininteligíveis. Porém, ao decifrá-los, podemos visualizar nuances da realidade que nos passavam despercebidas, ou que não queríamos ver. É como se Márcio fosse parido por Freud e criado (como bastardo!) por Jung. Uma vez adulto, tornou-se irmão de Reich... e rompeu com todas as carapaças!...


Marcelo Farias

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010























Vim do mais baixo clero,
do mais baixo meretrício.
Sou o torpe monge bêbado
de olhos aguados.
Um rei pagão no panteão,
dândi esfarrapado.
Enxugue os pés nos meus cabelos,
sou o mais servil dos mestres,
mais velho neófito.

Queres se afogar?
Olhe-me por dentro!...


Artur Farrapo - Revista Sirrose IV. Ilustração: Ramakrishna, o "louco de Deus".

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

POEMA PARA UMA BIBLIOTECA
















A pureza do silêncio
move palavras espectrais
ouve-se o vento e o mar
nas páginas de um livro.

O silêncio cristaliza pérolas
faz crescer ostras , lima pedras,
dá asas a peixes e cobras.

O silêncio devora florestas de livros.


Bento Calaça

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

EXOFAGIOGRAMA























O prato está fresco
escorra o suco sem coagulação
Parta e salgue os bifes,
estão desmembrados, deslocados,
São pulgas em peixes
dê-lhes propósito.
_Ah! Carne sem razão...

O mundo está minguando,
amigo, meteoricamente
todos serão tragados,
A boca da crosta
Quintais cariados
canais abertos
vermes entres os caninos
_ah, carne sem razão...

Os lobos se enxergam
as presas não,
todo morto é sem sentido
toda morte é com razão.
Meu Deus! há uma fenda em teu corpo
tua força minando entrega a posição
_ah, carne sem razão...

Estás fraco, combalido
feriu-se nos ossos de um marceneiro
na carcaça aberta ao lado de tábuas
pinga o sangue e o odor desperta
Feras que como ti não esperam
que o sangue endureça no chão,
besta a afiar os dentes no asfalto.
_Ah carne, enfim tens razão!...

Yzzy Daniel. Ilustração: Saturno Devorando Um De Seus Filhos - Francisco de Goya.

domingo, 17 de janeiro de 2010

UMA ALÇA É MINHA

















Era mais uma daquelas noites vadiamente sujas em que eu me encontrava no balcão do bar Castelinho pedindo uma cerveja à Jarina que me pareceu não estar num daqueles seus dias. Ao seu modo, confessou-me gastricamente: "Eles tiveram hoje aqui olhando o Castelo. Parecem mesmo interessados. Não dá mais maninho. Vou mesmo vender o Castelo." Aquela mesma lenga-lenga. Tomei uma golada de minha cerveja e ela desceu enviesada. "Você tem mesmo certeza disso?" perguntei. "São onze anos maninho. Ah, cansei." Meu raciocínio tava um pouco lerdo naquele inicio de noite mormacento, mas mesmo assim argumentei: "Voce não pode vender o Castelo. Isso aqui é um patrimonio nosso." "Quem me garante isso?" Pensei um pouco. "Eu, ora!" Ela balançou a cabeça e disse: "Nem vem com as tuas, Márcio. Já tem gente demais interessada no imóvel e não vou dá pra trás." Olhei bem pra ela. Suas pálpebras gemiam cansadas e havia um jardim de rugas em volta dos olhos. "O que vão fazer disso aqui mesmo?" "Uma clinica psiquiátrica." Aquilo era mesmo sério. Aproximei meu rosto também canado de seu rosto plasmático e disse: "Se voce vender o Castelo, vai acabar com um pedaço dessa avenida. Com um pedaço de nossa história. De toda uma geração." Ela riu e disse: "Você não muda nunca, Márcio. Fica aí delirando, escrevendo essas coisas, quando vais crescer?" Deu de costas ainda rindo e foi até a pia esmagar os limões para a cachaça dos caras duros. Esmagava os limões com uma tristeza esmagadora. Pus-me ali firme no balcão frente à cristaleira espelhada olhando eu mesmo beber num exercicio cruelmente narcisista, quando ouvi uma voz atrás de mim: "Vou desistir de escrever!" Porra! Uma coisa de cada vez. Olhei através do espelho e vi Diego Moraes, o "Dean Moriarty" amazonense. Não podia aqui aludí-lo de outra maneira. Estava mais gordo. Gordo como uma "porca prenha" Por sinal, título de seu livro que ele não conseguia publicar. Talvez por isso resolvera mudar o título. Chamava-se agora: Saltos Ornamentais no Escuro. Ele pegou sua cerveja e foi se sentar ao meu lado: "E você - continuou ele - devia também dá um tempo na sua escrita. Esquecer um pouco dela. Viver mais..." Ofereci-lhe um dos meus cigarros e juntos começamos a expelir nossas fumaças que subiam harmoniosamente, toldando o céu de madeira do Castelo. Alguem finalmente alimentara a juke box com uma musiquinha mais decente. "Voce me entende, não é? Claro que entende. Olha no que eu me transformei: numa estética absurda. Não tenho namoradas, não consigo mais segurar na mão de ninguém, e as pessoas que me cercam são almas sebosas." Fiquei ouvindo ele sem atrapalhar. Melhor assim. As vezes me sentia assim também. Docemente amargo. Vazio. Insatisfeito. Sem o bom senso de cometer um suicidio. "As vezes sinto falta de mim. Do que eu poderia ter sido e não fui até aqui. Você não? Não se sente assim também ás vezes? Vem dizer que não. Se disser que não vai estar bancando o herói." Preferi não responder. Ficamos um tempo em silencio e depois ele me disse: "A escrita acabou. Ontem mesmo sonhei que caminhava numa trilha de gelo deixando uma pegada pesada de urso. Ficava para trás um azedume de zinco na ponta da língua. Minha escrita vem como pedaços; como um quebra cabeças que não consigo montar. Vou tentar cinema, é." Levantou e foi ao banheiro. Seus quase um e oitenta de massa disforme a caminhar caludicante pelo soalho do Castelo. Conheci Diego no bar ao lado do Castelo. Bebia e lia alguns de seus escritos para os amigos à mesa. Já nos farejávamos de longe. Na ocasião fez-me sentar à sua mesa e leu um de seus rascunhos. Ouvi atento o que lia, depois perguntei o que ele fazia. Tenho essa mania escrota de perguntar o que os caras fazem além de escrever: "O que voce faz além de escrever?" "Ah, já fui maqueiro, go-go boy, michê e comedor de pacas belgas. Mas quero mesmo é ser escritor, disso não abro mão. Posso ler mais alguns?" "Claro! Vai fundo!" Fiquei ali encantado ouvindo ele. O garoto tinha ginga de boxeador. Uma pegada certeira. O brilho de Satanás. Não tinha dúvida que eu estava diante de um escritor que prometia. Sabia disso desde o inicio. E agora aquela estória de desistir de escrever. Não censuro o garoto. Neste oficio, a vaidade, a falta de afago e as oportunidades são algo de que sempre precisamos. Ao retornar do banheiro, fizemos um pacto de silencio albino e ficamos simplesmente ali, sentados, expelindo para o alto a fumaça de nossos cigarros sem dizer absolutamente nada um para outro, até eu me encher daquilo tudo e deixar o lugar, sem contudo, ouvir ele dizer: "Uma alça é minha..." Vivia me dizendo isso, não para me provocar, mas porque tinha senso de humor. Ou talvez porque demonstrasse algum afeto, sei lá...


Para Diego Moraes, criador do círculo profético. Manaus, sábado 16/01/2010.


Márcio Santana. Ilustração: Henri Toulouse Lautrec e Lucién Metivet bebendo absinto - 1885.

sábado, 16 de janeiro de 2010

RETALHADA














São retalhos
e não são desta saia

ou da colcha que repousa
segura do meu amor e lembrança
dentro do guarda-roupa

São retalhos
e oxalá fosse só dentro de mim

Mas não!

É dor esparramada
cheiro azedo
de felicidade estragada

Escombros no chão.

Ruínas
de Reis
e de Luízes de Paraitinga

E antes de sepultar meu amargo
a terra fez sua dança desajeitada
e de novo um cheiro de azedo
agora, de pouca felicidade estragada


Barbara Leite. Ilustração: Rubro - Salvador Dali.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

COTIDIANO



















.

Tudo que eu mais queria
era olhar em seus olhos
sem o brilho da dúvida.
Ser parte
do seu cotidiano,
mas não sua rotina.


Sirlei L. Passolongo

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

COISAS DOS MEUS CADERNOS DE ANOTAÇÕES TRÔPEGAS























Os cotovelos sobre o balcão do bar.

Palhaço: Teu tio empresta a espingarda?
Domador de leões: Tá no forro da casa do sítio!
Palhaço: Onde?
Domador de leões: Em Sorocaba.

Flanela enxugando mesas.

Garçom: A monga adoeceu?

O garçom pôs a flanela nos ombros e acendeu um cigarro ordinário.

Dono do bar: Porra Eurestes! apaga essa merda!

O garçom pigarreou.

Palhaço: Vê a conta!
Dono do bar: Deixa pra lá!
Palhaço: Que merda é essa seu Perdeneiras?

Seu perdeneiras gaguejou.

Dono do bar: É que minha filha gosta muito do circo.
Garçom: Ouvi dizer que vai fechar!
Dono do bar: sério?
Domador de leões: A monga fugiu com os anões.

Escrito em 12/11/2004, na saída do bar Mac Intosh, no centro de Manaus.


Diego Moraes

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

BAILARINA























A bailarina dança no tempo um traço feito
a nanquim. Linhas e gestos, sapatilhas e mãos,
vestido feito de luz, cheiro de limão.

A menina baila no deserto árido, não há
vestígio de água nem sinal de contemplação.

Toda ternura do balé é oferecida exclusivamente
ao sol, que tinge sua face plástica com raios carmins.

A noite chega em silêncio, e as estrelas, tantas,
olham melancolicamente pra Terra vendo sua
irmã brilhar com sua solitária biolumenescência.

Do outro lado do mundo na grande cidade,
as pessoas transitam cegas, na mesma calçada,
numa coreografia dissonante.


Fernando Esselin

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

HORA























.


o espelho mostra um esboço
um fundo de poço
um velho moço carcomido pelos erros
pelos enganos
pela ilusão
alguém que deixa filhos
versos maltrapilhos
e um grande nada como legado

ver-me verme
espectro tosco do sonho de criança
não me dá saudade angústia ou medo
apenas a certeza de que é hora
da partida sem despedida
em segredo

.


César Veneziani

domingo, 10 de janeiro de 2010

A HOLANDESA DE XAXIM
























Duda de Oliveira é uma pintora de cenas cotidianas. Pintadas à pena e não a pincel. O dia mais cinza, mais tedioso, ganha vida, cor e profundidade em suas crônicas. Como numa pintura impressionista _qualquer coisa entre Van Gogh e Renoir _ou como a pintura flamenga do século XVII. É incrível como a menina de uma minúscula e tediosa cidade do interior de Santa Catarina (Xaxim), pode se transformar em qualquer menina, de qualquer cidade, de qualquer lugar.
Duda encarna a "crônica diária" da vida feminina (ou da vida em geral) como se o momento mais insignificante fosse uma passagem poética. A vida conta histórias, Duda as reconta para nós. Seu tom vai da suavidade, passando pelo humor levemente sarcástico, até a apereza. Porém, sem nunca ferir o leitor, ao contrário, o encanta!... Soa como uma nota suave, mas precisa. Sua narrativa tem o sabor de um vinho branco seco... porém tão suave que chega a ser doce no fundo...


NOVEMBRO

Foi numa tarde em que Maria foi encontrá-lo na rodoviária. O dia estava lindo e não teria como não estar. Eles eram diferentes e todo mundo dizia que um completava o outro. Todo mundo não, porque quase ninguém sabia. Maria era quase mais alta que ele e, ainda assim, ele era quase intocável. Ele nunca ligava e, quando o fazia, ainda assim, não ligava. Maria o amava, ele se deixava amar. E eles eram felizes assim. Ela tinha bom gosto pra música, livros e cinema. Era orgulhosa, cheia de si. E precisava dele pra se sentir viva. Mas naquela tarde de novembro, Maria ficou imaginando como seria se não fosse daquele jeito. Enquanto segurava a mão dele, pensou em outras mãos e outros corpos e outras salivas e outras ruas e outra história. Enquanto ele quase a amava, ela descobriu que tinha um mundo pra entender e, pra saber das coisas, não mais podia ficar parada esperando ele ligar. O garoto parou de olhar pra rua e olhou pra ela, mas ela não estava mais lá. Maria pensou que morreria, mas não morreu. Aconteceu. Acontece sempre, com todo mundo, o tempo todo. Foi triste como tinha que ser e depois passou, como tudo passa. Maria lembrou disso dez anos depois, numa rodoviária, indo embora. Sempre com essa mania de ir e não guardar as coisas refletidas. Ela lembrou porque, se tivesse sido diferente, doeria igual. Ele ficou lá no interior, criando raízes. Maria saiu voando. E essa história não tem moral.

- Duda de Oliveira.


Marcelo Farias

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

BRASILIDADE

















.


invoca-se a etnia
brasilidade
em toda e qualquer esquina

fisionomias dançantes
passos rápidos de pé virados
guarda-chuva em mundo de confete

invoco
outro copo de vodka
pra engolir os tambores
soar de chocalhos
imita a pior das cobras

penasde papagaio ou arara
enfeites
adornos feitos com varas

mas que pena
hoje, o rock
está fora da arena

prostra-se o rei
coroa de pandeiro
meu sangue é venenoso
não sou brasileiro.

.

Éffe

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

PACTOS E CLEMÊNCIAS























Auxilei na construção de uma usina, hoje
fiz um presépio de demônios
e menti beijos para cascatas
Não fui decente, como devia
nem maculei órbitas

minha felicidade perdeu-se em quilômetros de soda
O cão rejeitou meu osso
e fui ficando inquieta, como não devia
a casa pegou fogo e continuei no solo, vadiando sombras
eram futilidades que me possuíam nos sedativos
O cão roeu toda minha praça e comeu as pombas
escrevi uma estória que, certamente
não devia.

Fui declarada inimiga particular das portas
Não compareci em nenhuma aula dos necrotérios de ninfas
nem vendi jóias para os camaleões
a inutilidade sangra como meu único prazer.

Exerci a crueldade, como me foi prometido na última lua
O dia foi belo como um hímen fatigado
Matei bailarinas com dados e teorias psicanalíticas
O funeral acontecerá no meu pulmão e não engolirei flores.


Rita Medusa. Ilustração: René Magritte - La Memoire.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

LITERATURA E INTERNET























Jung costumava falar, muito frequentemente, no misoneismo, o medo de tudo o que é novo. Desde de seu surgimento, em meados da década de 1990, que a Internet é alvo constante deste mal. Culpa-se a Internet por muitos males _o pior deles: a pornografia infantil. Suas virtudes, no entanto, são sempre vistas de forma míope, obliqua, estereotipada. Trata-se a Internet ainda como aquela coisa exótica, feita para adolescentes empolgados, para nerds e punheteiros de escritório, para solitários em busca de fantasias, para desocupados e para pessoas "que não sabem viver a vida real". Somente as pessoas que realmente fazem uso _que descobriram! _a Internet _essa mídia direta, feita por mim e por você!... essa ferramenta sem igual para os mais ilimitados fins _é que sabem como ela está repleta de criação, de novo, de um novo mundo que se faz e que acontece!...
A literatura, por exemplo _que para muitos professores e estudiosos, parou lá na Geração de 45, na Beat Generation, no Movimento Mimeógrafo, Marginal dos anos 70 _continua não apenas produzindo, como produzindo uma nova geração de escritores, antenados com um novo momento, com novos desafios, novas configurações, que não é compreendido pela mente arcaica daqueles que continuam defendo que hoje vivemos apenas um triste... pós-tudo (pós-45, pós-marginalismo, pós-modernismo, pós-beat... pós-pós...).
A literatura atual não apenas existe, como possui personalidade própria. Uma personalidade, aliás, muito forte! Espalhados em blogs e comunidades do Orkut, escritores das mais diversas regiões do Brasil _de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Fortaleza, Recife até Manaus _criam, se expressam, renovam o cenário literário nacional. Escritores de todas as idade, de 16 a 60 anos, que, em sua maioria, nunca publicaram um livro, mas já deixaram sua marca na WEB. Para conhcecê-los, basta acessar blogs como este BACANAL - O Canal dos Bacantes (http://canalbacana.blogspot.com/), como o blog da revista amazonense SIRROSE (http://sirrose.blogspot.com/), blogs pessoais como o de Gabriela Nieri (http://peripeciasdegabi.blogspot.com/), de Duda de Oliveira (http://digressaopassional.blogspot.com/), de Denise Machado (http://virgulaantenada.blogspot.com/), de Márcio Santana (http://notasdeumdegenerado.blogspot.com/), Diego Moraes (http://diego-moraes.blogspot.com/) ou blogs como o gótico VALE DAS SOMBRAS (http://valedassombrasmemorte.blogspot.com/), ou do Movimento Tavernista de São Gonsalo (RJ) (http://acorjavirtual.blogspot.com/) e de comunidades do Orkut como o BAR DO ESCRITOR (www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=3891757).
Faz-se literatura no Brasil, mais do que nunca. Mulheres escrevem mais do que nunca. Nunca vi uma geração de escritores com tantas ESCRITORAS!!! Rita Medusa, Sirley Passolongo, IvoneFS, Bárbara Leite, Gabriela Nieri, Duda de Oliveira, Trish River, Jalna Gordiano, Poliana Furtado, Denise Machado, Me Morte, e muitas e muitas outras. A lista masculina também não é pequena: Beto Reis, Márcio Santana, Diego Moraes, Flávio Mello, Muryel De Zoppa, Anderson H, dos Anjos, Zé DS, Eduardo Perrone, Lucas Augustus, Lanoia, Calaça, Antônio Carlos Rocha, Romulo Narducci, muitos outros e eu... Marcelo Farias, é claro! =))...
A literatura deixou de ser apenas uma forma de arte, para tornar-se uma "língua", uma forma de comunicação entre as pessoas. A geração de hoje se comunica através da literatura. E nenhum veículo serve mais a esta comunicação do que a Internet.
A mídia convencional, a TV, sobretudo, tem o dever de descubrir essa nova geração literária, de mostrar ao telespectador, que há um mundo fervendo e brilhando... bem debaixo de seu nariz!...


Marcelo Farias