segunda-feira, 29 de setembro de 2008

desrealização


montagens de palco à italiana
quadro emoldurado
retomam o infinito e é como se tivesse fim

todos sabem da necessidade
abarcam, aportam, não se importam
fechados a um cubo de madeira preparada
fingem viver

assim é que no teatro se dança
dançam a vida aqui encenada
isso é nada, mas vale a arte
artifício espaço físico tempo psicológico

dançar é não se matar
e dançam a chuva de engenharia
palco à italiana, caixa fria
de onde é possível todo disfarce

resta a opção de descer do palco
desrealizar a realidade
mas fica o medo do salto para a vida
a bomba, a fumaça, o disparate
range a madeira quando pisam
e é o confortável estar-se à elevada

não me venham com desculpas
vocês são os únicos felizes por natureza
recebem a paga justa pelo eximir-se
são frágeis, mas eternos

a verdade atrás da cortina é mais fácil