Escuto vozes. Mas não essas do inconsciente atormentado
Mas as que a pouco sopraste desses teus olhos calados
Pra meus ouvidos falantes e coração quebrantado
De almas itinerantes em fás que fazes de conta que teem dó por si ao menos.
Faz de conta que as mentiras de outros tempos vicejaram
Em amores e cabanas suficientes... pro meu ar de "ainda não basta!"
E teu rosto de rei louco e concentrado no projeto de amar-me até o limite
Do que nunca acreditaste... mas fingiste - com talento em teu cesto de disfarces
Dorme em cama a meu alcance... pé fujão (já tá gelado!)
Numa imagem de menino de cabelos desconfiados
Recoberto de tecidos de ternuras tão antigas
Por minhas mãos de longos dedos... braço magro... espichado.
Na tv cena de beijos, talvez tão tecnizados que nenhuma língua ousada
Me convenca da verdade... dessas que hoje às dez e vinte
Te acordaram provocantes, intrusivas, debochadas de... teu sono sempre fácil
Contundentes de desejo em falicidades solares... corpo mole... mas nem tanto.
Penso então em convidar-te pra dançar no chão da sala
Em que gatos quase humanos tocam tuba e Billie, ou Ella,
Ou você, ou eu, ou eles... das gavetas das memórias...
Em que nossas ensaiadas delicadezas vulgares beatificam meu corpo.
Fluídos bentos de vontade.
Cado
Um comentário:
Versos plenos de talento!
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