quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Com A Saliva No Sangue.
Dizem que brevemente eu morrerei
Na leve tortura de uma lembrança sua;
Destroçando a carne da esperança,
Afogando-a em loucuras diversas,
E respirando a água das chuvas tortas
No cintilar de uma íris perversa.
E lá - onde aqui me encontro -
Mesmo não dizendo quase nada
(Nem metade da lama em si)
Hei de voltar;
Com o cachecol no pescoço
E nas mãos, o esboço
Dos poemas (blasfêmias!)
Que escrevo em teu nome.
Pois é tudo pra ti.
Não te disse nada
Desde a cama em que durmo
Até a maré e a enxurrada
Onde a chuva, sozinha ameaça
Lavar-me inteira
Tirando o teu perfume de mim
Rasgando o teu nome daqui
Com suas quatro angustiosas letras.
Nos fins de minhas tardes, vejo-te
Parada ao vão da porta
Na caneta, meus melancólicos dedos
Descrevem o reflexo torrente de tua imagem embaçada
Tortas linhas,
Nas absortas gotas de orvalho em sangue que percorrem teu corpo
E que nunca te agradaram.
Ainda tenho paixão pelos teus cabelos!
Ouço no escuro, meus dedos a percorrê-los
No enlace do abraço nosso
Onde o contraste do meu sorriso
É o redemoinho de teu feitiço.
Ah! Se não te esqueço
É por preguiça - não medo -
De perder-me de teus olhos
De encontrar-me reluzente
No chão das rentes flores,
Que eu mesma desperdicei.
Estás calada, de boca fechada;
E, ainda assim,
Afundas tua língua negra em mim
Ao me ameaçar no cumprimento da palavra.
Há em mim a loucura!
Existe aqui, o fogo ardente!
Tenho tua voz emitida em meu cérebro frouxo,
No lúcido amor do copo
Que ouso beber todas as noites,
Ao brindar o meu horror!
Meu momento particular,
Já consegue ter duas cores:
Azul - me lembrando o teu céu,
Movimentando meu pescoço além da alma;
Vermelho - da chuva morta,
E o mar cinzento que tu navegas.
À noite eu sugo
Nos dentes negros de sabor agridoce
No manto de algum mosquito morto (catástrofe)
O sabor de suas entranhas.
Desejo que tu sintas desgosto,
Por ter um dia gostado de mim.
Existem úteros em seus olhos
Gerando calúnias ao amor - já morto
E os olhares rancorosos,
São os admiradores dos outros que rodeiam teu corpo.
Ah, se me ouço declamando
Os cadernos, ou choros...
No sentir do abandono,
Devoraria-me!
Ou as palavras que escrevo,
Retornariam ao purgatório
Onde as almas vizinhas
Repousam como hóspedes.
Tu te afastas;
Imitando com a boca o som da porta.
Abalas a ternura,
E sacrificas o porco na tua calúnia
Onde teu café é veneno.
Já me é possível ver reflexos na madeira!
E alargando meus ouvidos,
No corredor desabitado
O lastimável estado em que me encontro
É pura farsa! - adiante -.
As rimas duras noite adentro,
São minhas palavras ditas ao vento (ecoando sozinhas).
E só no ato
Ao reencontrar minha língua perdida na tua
Emergindo em tua garganta - promessa minha -,
Lembro-me:
Sou louca, e esquecida da realidade!
E tu, que não amas de verdade,
Diverte-se ao conter meu nome
Em tua rouca voz.
Tuas dores, são o sal que deslocam meus pensamentos;
E teus medos, são a doçura do horizonte de minha pele.
E não há algo tão lindo a ser observado no escuro:
Tu - ali - a me possuir - assim.
E aqui - tua morada -
Está guardada a tua lembrança.
No semblante do ardor cego,
E no verniz seco de meus pulmões (o suspiro ao dizer teu nome).
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