A mulher infiel anda pela rua coberta de rosas.
Sente sua saia dançar
com uma brisa limpa e leve
vinda do interior de uma alma cheia de tudo que somos
e também deixamos de ser.
Uma alma que é sua
Uma alma que ela nem usa mais.
Sente sua blusa azul e amarela
destacando o que deveria esconder.
E o seu cabelo
preso em uma fita cheia de flores coloridas.
Não ouve a voz que dentro dela
Grita
Esperneia
Implora por atenção; bate o pé irritada.
Com suas unhas discretas ajeita o cabelo
E retoca com vermelho a boca fechada,
tão pequena.
A mulher infiel finge não saber de toda dor
que passeia pelo seu vazio e espaçoso coração.
Melindrosa,
ela corta praças e parques
e ruas movimentadas,
entupidas de todos os ruídos tristes deste mundo.
O sorveteiro lhe serve creme com morango
e além de moedas aquecidas
recebe também seu melhor sorriso brejeiro.
A melindrosa mulher infiel
percebe.
E sente
como o sopro de uma mãe sobre o joelho esfolado;
a melindrosa mulher infiel
caía por todos os lugares
todos os dias
há tantos anos.
Logo
A dor volta a gritar,
passeando frenética.
A voz esperneia,
querendo atenção.
A cabeça pesa, vazia
fazendo-a enganar-se que é a fita de flores coloridas
apertando-lhe os pensamentos.
A mulher e melindrosa infiel
segue pela rua coberta de rosas.
Uma fita cheia de flores coloridas no cabelo
Uma blusa azul e amarela e
uma saia cheia de vento.
Ela não quer escutar.
E pelo seu coração vazio
passeiam livremente
todos os homens
e todas as dores
Deste mundo abarrotado de coisas e amor.
Jana Lauxen
2 comentários:
Lindo!... O que mais posso dizer?...
Poema melindroso.
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