quinta-feira, 15 de outubro de 2009

GUARD' ALMA

















a Árvore, pobre árvore,
vizinha antiga enraizada no chão do bairro italiano,
guarda ampla visão de meus passos plact plact:

quatro mil
duzentos
e poucos.

penso que a Árvore, pobre árvore,
pelo amor que me tem de graça,
sabe mais das coisas da terra
que das coisas próprias das árvores:

então é seca...

sem pássaros que lhe defequem nos pés desnudos...

Árvore, pobre árvore,
por se importar mais com os buracos,

nascituros
esfomeados
que hão de comer-me
os tombos,

não observa a passagem do tempo.

é como as pombas sonorolentas
que espreitam os suicidas
do parapeito das janelas.

- toda-via, toda-via, não me iludo!
quando desabo num vão de estrada
sei que se ri das raízes à copa!
Anderson H

Um comentário:

MARCELO FARIAS disse...

Dizer o que?... MÁGICO!