domingo, 7 de outubro de 2007

PROSTITUIÇÃO - POR QUE UM PROBLEMA SOCIAL?














No Brasil, prostituição é um problema social. Problema discutido por políticos e acadêmicos, que buscam para ele uma "solução". Para muitos, educação seria esta "solução". Poucos brasileiros sabem, no entanto, que na Holanda e no Japão a prostituição é um serviço reconhecido e protegido por lei. Já nos Estados Unidos, ela tida como crime. O Brasil adota, portanto, uma postura diferente da americana, mas não menos preconceituosa. Apesar do preconceito, a "profissão mais antiga do mundo" existe em todas as sociedades civilizadas sem que as pessoas saibam sequer sua origem. Para início de conversa, ela não é a profissão mais antiga do mundo, antes dela veio outra: a de sacerdote e sacerdotisa. As sacerdotisas foram as primeiras prostitutas, pois transavam com os fiéis para realizar uma cerimônia específica que representava a união sexual entre duas deidades que encarnavam o princípio masculino e feminino. Tais rituais aconteciam na Índia, no Egito, na Mesopotâmia e, é claro, na Grécia e em Roma. Esta prostituição ritual era parte do culto de Vênus (Afrodite na Grécia), cujas sacerdotisas eram todas prostitutas. Fora isso, em várias sociedades, como na Índia e na Síria, as mulheres saíam à noite para se prostituírem como forma de arrecadar dinheiro para pagar uma promessa à uma deidade, ou para comprar o próprio enxoval de casamento.
As sacerdotisas dos templos eram escolhidas entre as famílias aristocráticas. As mulheres pobres, que quisessem posar de sacerdotisas e realizar o culto da união espiritual, poderiam fazê-lo... do lado de fora do templo! Tal fato criou a famosa "zona do baixo meretrício", que mesmo no Ocidente cristão é, tradicionalmente, sempre próxima à igreja (os templos atuais). As sacerdotisas pobres eram chamadas de hierodulas (serva, ou amante sagrada, em grego) e junto com elas também circulavam travestis, prestando o mesmo serviço. O que demonstra que a prostituição homossexual é igualmente antiga.
Mas não eram apenas as sacerdotisas que transavam em troca de dinheiro, a condição feminina era, por definição, de prostituta. Devo lembrar que o verbo prostituir, em latim, significa "mostrar", "pôr na vitrine". Sendo assim, uma prostituta era uma mulher posta à venda. Nas sociedades antigas as mulheres possuíam um valor em dinheiro e bens. As filhas da aristocracia valiam muito: terras, ouro, palácios... As mulheres pobres valiam menos que uma vaca, tanto que seus pais literalmente às vendiam como mercadoria a seus futuros maridos. É desnecessário lembrar que uma mulher virgem valia bem mais que uma "já usada". Nas famílias ricas, realizava-se uma festa assim que a menina tinha a primeira menstruação, para que seus pretendentes barganhassem sua "mão" (sua posse) com o pai. Esta é a origem da festa de debutantes, que convencionou-se festejar aos 15 anos.
As mulheres não tinham direito sobre si, porém, se por algum motivo, perdiam a família e o marido (caso comum nas guerras), estavam livres para pôr o seu próprio preço. Essa era a origem das hetairas, "prostitutas de luxo" da Grécia, que viviam em pequenas repúblicas de mulheres, palacetes mantidos por elas mesmas. As mulheres pobres, no entanto, iam dar seu preço no porto, para os marinheiros, ou nos mercados. Como vagavam pelas ruas, "sem dono", eram chamadas de vagabundas. É preciso lembrar também que muitas mulheres (e mesmo rapazes) eram escravas destinadas ao prazer sexual. Na Grécia essas mulheres eram conhecidas como pornai, donde surge o termo pornô, pornográfico, pornografia. As pornai podiam mesmo ser algudas pelos cliêntes. Em Roma, tais mulheres eram conhecidas como lupas (lobas, possível origem do termo moderno "cachorra") e seu lugar de moradia era o lupanar.
Foi com a ascenção do cristianismo que a prostituição se tornou um estigma no Ocidente. Devido a seu problema com o eros, o cristianismo invariavelmente condenou a prostituição. Muito embora os cristãos costumem buscar na bíblia o argumento contra a prostituição é necessário lembrar que para os judeus esta não era um problema, desde que a mulher não fosse goi (estrangeira, não judia), uma vez que as goi prestavam culto à deidades que não eram o Deus dos patriarcas. Mas para os cristãos, uma vida paltada pelo erótico era, por si só, pecaminosa e errada. É assim que tem origem o "problema" da prostituição.
Tida durante séculos como condição vil, a prostituição chegou a ser classificada como uma "doença mental" no século XIX. Foi só no século XX que ela passou a ser vista como uma função fruto da vontade da própria pessoa. Mesmo assim, poucas são as sociedades modernas que a aceitam. No Brasil, a grande líder do movimento das prostitutas é Gabriela Silva Leite, que criou a griff Daspu. Se você deseja saber mais sobre Gabriela e sobre o movimento das prostitutas brasileiras, entre no site http://www.beijodarua.com.br/.
Minha opinião sobre a prostituição é de que é muito preconceito chamá-la de "problema social", porém desejo saber a sua. Mande sua resposta, vamos debater este assunto.



Marcelo Farias

2 comentários:

Simeia Brito disse...

A maior parte das meninas e meninos que exerce essa profissão, não é por opçao e sim por necessidade, sendo assim é um problema social.

Felipe Lukavei Ferreira disse...

o problema social não seria a prostituição e sim o que a causa... a pobreza é o problema social e isto causa a grande prostituição ... se a pobreza não existisse a prostituição não seria um problema pois só estaria lá quem quer e iria lá quem quer... teria um lugar específico pois o problema no brasil não são os bordéis e sim as prostitutas que ficam na rua que incomodam que por lá vive.