quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

HELENA























Minha geração se acostumou a escrever em diversos estilos,
só para provar que sabia escrever em linhas diversas.
Vou escrever como meu coração manda.
Dentro de um estilo errático, diferente de tudo.
Não vestirei a camisa de ninguém além da minha mesma.
Há muito tempo que briguei com meus professores.
Brigarei com meus amigos também,
pois querem ser bons estudantes.
Escreverei blá, blá, blá e mais alguma coisa.
Alguma coisa além das coisas além que foram escritas
até agora!
Algo modernista ainda reside em mim.
Ultramodernista, se é que existe isso
e se não existe passa a existir agora.
Ultramodernista, supramodernista serei agora.
Algo surrealista além de Dali.
Em cubos pinto janelas fotografadas
em diversas dimensões.
A musa olha para o além
porque está apaixonada por si mesma,
narcisista, hedonista, edenista, pornô!
Seu espelho é o maior amor
de que possa compartilhar.
No imenso salão do céu e vastidão desértica,
amada por todo horizonte ela pula,
dança, se desloca, rebola, toma
o mundo inteiro de assalto!
_Ó, musa louca do além!
Quem foi que te impediu o costume
de desnortear toda a escrita?
Só Eliot te amou plenamente e, ainda assim,
só Dali te transfigurou.
Teus seios se insinuam
querendo lábios ardentes,
querendo bocas e dentes
em tua bunda, teus quadris,
em tuas ancas e carnes,
tua barriga, teu umbigo,
tua pele branca, leite manchado
pelo triângulo invertido castanho
entre tuas coxas helênicas. Helena!
És Helena de Tróia nua!
Enlouquecida, sem Paris,
sem guerra, sem Menelau.
Que coisa louca existires.
Puta! Plena! Divina!
Senhora de todo o amanhã!




Marcelo Farias - Ultramodernidade. Ilustração: Jovem Virgem Auto Sodomizada Pelos Cornos de Sua Própria Castidade - Salvador Dali.

Um comentário:

medusa que costura insanidades disse...

Nossa,nesse você caprichou mesmo hein Marcelo,adorei o texto
bjos
Rita