segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

POEMA ÁGUIA


















Não procure rima.
Não busque métrica,
nem prosódia exata,
nem um quê de nexo
nestas linhas trêmulas
que se transfiguram
como réquiens incólumes
de uma estação da alma.

Pois aqui temos
um poema embriagado,
hipnotizado, em versos,
por uma sensibilidade
sem sombra e sui generis,
indelevelmente imersa
na intrepidez das letras.

Trata-se portanto,
de um poema-águia,
cujas asas trôpegas
são apenas sonhos
sobrevoando, pasmos,
a imensidão do céu
em perspetivas cósmicas
e sem estrelas guias.

Ou talvez, um poema-peixe
nadando nas profundezas
de um oceano emocional,
no qual o tempo, em si,
seja tão somente onda
eletromagnética de sentimento.

Por tudo isso,
não procure lógica
neste poema insone,
neste poema-águia,
que se esvaiu
e naufragou, assim,
sem temer o tempo,
sem correr o vento,
sem olhar pra mim.




Marcinha.