
quarta-feira, 30 de abril de 2008
ATADA

terça-feira, 29 de abril de 2008
segunda-feira, 28 de abril de 2008
GUERREIRA MORTAL

Sou bela guerreira fatal.
Com o sangue de meus inimigos,
Mantenho esta vida imortal.
Lendas sobre mim se espalham.
Escoam por vales, montanhas.
Amedrontam os covardes.
Põem em sobressalto os padres.
Famílias abandonam suas terras.
Cidades tornam-se fantasmas.
Todos fogem ligeiros, os pulhas.
“Cuidado”, dizem, lá vem à peste noturna.
E caminho nestas terras vazias.
Procurando por ti noite e dia.
É aprendi a andar sob o sol.
Mas o sopro da noite sempre me alivia.
E um dia este mundo não mais existirá.
Os que sobrarem, a morte os alcançará.
Brutal, letal, sem pestanejar.
Sem você não vale a pena, tudo se findará.
By Ana Kaya
quinta-feira, 24 de abril de 2008
zero

Fiz do zero a resposta mais justa
Mesmo que nula
Enxuta
Agora respondo a tudo com o zero
Só ele completa a fórmula das improbabilidades
O zero completa o sim e o não
Contar é não ver limites
Por isso não conto
Dou de ombros às reminiscências
Semidemências
Querências
Paro no ponto devido
Preciso
Embora não precise
Hoje quando acordei
Não vi números
Não vi
E é como se argumentasse contra as regras
Rezei para que não chovesse
A chuva zero atendeu
E não caiu baixinha
Fina
Que importa se as coisas vão certas
Mais vale a certeza não número
Certeza é necessidade do culpado
E eu
Incerto
Contos os passos em regressiva
Do zero ao zero
Meus pensamentos são o zero
Completa ausência
Zero de tristeza
Zero de prazer
Zero de culpa
zero e não
zero e um
zero
terça-feira, 22 de abril de 2008
O ARRANHÃO

Toinho tinha 12 anos quando isso aconteceu. Já havia quatro anos que sua amada mãe havia morrido. A casa antiga da fazenda se tornava cada vez mais sombria. Os dias eram solitários, seu pai não lhe falava muito. As noites eram longas, os roncos de seu pai não lhe permitiam dormir. Ele ouvia cada som de noite. desde o vento na plantação, até os chiados das galinhas no porão. Mas nada superava os roncos de seu pai.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
PROSA (ou Antinomia Entre Pollyanna Furtado e Duda de Oliveira)

É preciso ter tédio para fazer prosa.
Poetas não fazem prosa.
Quem não sente frio não pari prosa.
A prosa tem mãe no ambiente
e não no sangue da gente.
A prosa é urbana,
desumana!
A prosa é a moça que mostra o corpo no filme pornográfico.
No foco certo, no ângulo exato.
Não é atriz de teatro.
A prosa é um saco
de segredos guardados mas sem paixão.
Razão que não engasga no depoimento.
É o silêncio
do verso oco e desnaturado.
A prosa é o fato.
Que passa fora de mim
e espera minha reação.
Marcelo Farias - Ultramodernidade.
domingo, 20 de abril de 2008
INÉDITO
domingo, 13 de abril de 2008
Festa da Saudade

DIA
saudade canta
no peito,
s a l t a
tal qual criança
pulando corda.
depois, bêbada,
tropeça
vomita no chão,
e do chão
pinta as paredes
com o vermelho
da solidão.
levanta-se
como se cair fosse
um passo de dança
e faz roda de ciranda
de mãos dadas
com as
lembranças.
NOITE
já suada,
tira a roupa,
vai pra cama,
abre as pernas
e diz
- vem.
aí dorme eu dentro dela,
ela dentro d'eu
sem saber se
eu sou ela
ou se ela sou eu.
André Espínola
quarta-feira, 9 de abril de 2008
TEU PAU

terça-feira, 8 de abril de 2008
Bom Dia!

Tem uma época da vida em que a gente não sabe o que quer fazer: Jornalismo ou Letras, namorar ou ficar sozinha, fazer festa ou morrer estudando.
Fui dormir pensando nisso e acordei meia hora atrasada. Pra quem não sabe, eu odeio acordar atrasada. Odeio muito. Eu fico de mau humor durante uma semana inteira quando isso acontece. Atrasada, fui tomar banho. Fiz o mais rápido possível. Vesti-me rapidamente e fui logo para a cozinha, torcendo pra que desse tempo de tomar meu café-com-leite e comer meus biscoitos salgados. Não tinha mais biscoitos. Nem presunto. Comi queijo com pão quase chorando de raiva. Faltavam 5 minutos pra eu ter de sair, então fui logo passar lápis de olho. Quase fiquei cega. Aí eu chorei, mesmo sem querer. Meu olho lacrimejava contra a minha vontade por causa do delineador que tinha vazado. Entreguei-me como um bebê e chorei, chorei muito. Pus as mãos no rosto e, deitada na cama (que não estava arrumada devido ao atraso), comecei a soluçar. Cessadas as lágrimas vindas de um ridículo mau humor matinal, sequei o rosto vermelho e entrei na van (aquela cuja porta quebrou na crônica anterior). Bom dia, eu disse. E sorri. Meu dia começou ali.
- Duda de Oliveira.
domingo, 6 de abril de 2008
Anti-Clímax
na areia boa de não pisar?
e aquela tal de iemanjá
vem de longe abençoar?
queria um samba que sambasse
longe do terreiro onde nasce
onde onda não rebentasse
ah! se aquele sambeiro provasse!
queria sambar o samba improvável
que falasse torto, de automóvel,
rimasse a rima inerrimável,
e, no fim, de melodia imprestável...
ah se o samba tirasse a roda
onde gira a baiana porque é moda,
podasse o pandeiro e não poda
pois não sabe que o ouvido incomoda
fico na esperança de um dia
ter um samba que não traga magia
não fale da noite, ou do dia
e não tenha uma musa Maria!
Sopro (Um poema sempre inacabado, infelizmente!)

Um índio morre queimado,
indefeso, dormindo.
Descaso.
Morreu.
Problema de exclusão!
Trinta morrem na igreja
de deus, do Quênia.
Peleja.
Morreram.
Problema de uma nação!
Os pais mortos a paulada
ganância, barbárie,
facada.
Morreram.
Problema de educação.
Um menino arrastado,
pela rua, para a morte.
Pecado.
Morreu.
Problema de alienação.
Uma bela arremessada
da janela, pelos ares
Judiada.
Morreu.
Problema de degradação.
Morrem homens todo dia
que somam-se aos índices.
Ironia.
Morreram.
Problema de coração.
Barbara Leite
sábado, 5 de abril de 2008
EM BUSCA DE MIM

Esta solidão que me enche por dentro
Esta sensação de impotência
Ferida que dói em constante latência
O muro que construí, ruiu
Estou exposta e isso me assusta
Minhas fraquezas podem ser usadas
Para me derrubar me arrasar sem um piu
Enojam-me as pessoas
Irritam-me suas palavras vãs
Perco-me dentro de mim mesma
E me acho surpresa
Encontro-me em cacos
Pequenos pedaços de cristal, luz
Isso me mostra que mesmo em pedaços
Meus nervos são de aço
Espada em riste luto desesperada
Estou toda machucada, mas ainda viva
Ainda com forças e crenças.
Não importa nada o que pensas
E de embate a embate
Sigo minha estrada de lutas
Perseguindo-te oh felicidade
Com todas as minhas forças
By Ana Kaya. Ilustração: Angústia - Salvador Dali.
(RE)T(RA)TO

terça-feira, 1 de abril de 2008
Encontro de Sentidos Contrários

com sentido
A vegetação
e só não os come
porque tremem,
ecos de saudade
E lá na frente,
pelos mesmos trilhos
No teu sentido,
André Espínola
A CORDA

O COVARDE

Aquele que te envolve, te engana, fingindo um amor que nunca terá.
Fala doces palavras pra te encantar. Mas de doce, não tem nem o olhar.
E pior ainda, as mesmas doces palavras as disseminam por todo lugar.
O pior tipo de homem é o que engana até a si mesmo.
Fingindo ser algo, que realmente não é.
Fingindo ser romântico e encantador.
Mas só espalha pelo mundo desencanto e dor.
O pior tipo de homem é aquele que teme os desafios.
Encosta-se no mais fácil, quando a felicidade é um árduo caminho.
Finge que busca, mas apenas se encosta.
Finge que é sábio, mas é apenas um vagabundo.
Para eles, reserva-se o refugo.
Posto que nada melhor seja merecido.
Covarde, fique com o resto e o imundo.
Fique na lama, tu és profano e impuro.
Ser despido de coragem,
Não assume seus atos, nem informa a razão.
Patético Don Juan, pensa que é rei.
Mas é mero vilão.
By Ana Kaya