terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A FEBRE CAVA TEU DORMITÓRIO


















Quebra-me em três oitavos
e diz que está tudo lindo,
que o passo não é tão fundo
e as águas não são rasas.

Para tua informação,
eu preciso que me cavem
como enfiam o dedo no bolo
da gula coletiva.

É preciso que me deixem à deriva
nas senhas das bocas fechadas
_um segredo sussurrado
e lavagem estomacal periódica
na surdina.

Se o fixo perguntar por mim
diga que flutuo,
que do certo
não me asseguro e, por favor,
cava-me.

Deixe que as asas nasçam entupidas
e as cores transbordem translúcidas.
As nascentes de marasmos
e a vadiagem nas pegadas

_o torto no seu mais sincero sorriso _
evitando as minhas trapaças
e os pássaros alucinatórios
nos divãs sambistas.

As pétalas cruas nos olhos.
Não evites o sétimo solo!
O olhar enviesado,
as unhas na terra,
a cama de cratera
_dormitório de toxina.



Rita Medusa.

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