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Mil vezes a cegueira me tome!
Porque ter nascido homem,
Se como fera é que me sinto...?
Hoje bebi absinto,
E sinto que não caiu bem.
Bem... Bem... Bem feito
Aos que, como eu mesmo,
Viveram cem anos a esmo
Matando a galinha dos ovos de ouro,
Pensando ser de bom agouro
Vender a janta
Para bancar um almoço...
Fui moço
Antes que os vícios me envelhecessem.
Antes que os sonhos adormecessem,
E que toda a cidade dormisse.
Quem foi que disse
Que, de olhos bem abertos,
Enxerga-se algo além
Da ponta do nariz?
Diz...Diz... Diz logo que ando meio louco,
E que falta pouco
Para eu danar a falar
Do cocô à bomba atômica!
Lamba-me o bico do peito,
E arrume logo um jeito
Para que eu te entenda melhor...
Mas faça rápido,
Antes que eu acorde.
Vê se pode
Um cara delirar assim!
Posso...Posso... Posso sim!
E danem-se convenções,
Leis ou tratados.
Vou acender um baseado
Para tentar sonhar
Atentamente
Uma outra vez...
Viu só
Para que serve
Essa bosta de
Lucidez...?
Eduardo Perrone. Ilustração: Salvador Dali.
4 comentários:
Acho que colocaram poesia na sua bebida...
Eu amo absinto! =]
E amei o texto também...
Adorei o texto.
muito massa Perrone!!
já tomei absito!foi uma viagem
muito doida de três dias, misturei com outras coizitas ...
Calaça
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