quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

NEBULOSA DE EMISSÃO


















não que o coração me fosse pai
ou que a paixão devota me apanhasse
pela espinha inocente em chicotadas.

minha questão interior com as estradas
começa
no ponto
em que a veia adultera o fluxo contínuo do sangue

e me põe rios de lavas
a correr montanha acima,

na direção da boca,
do cume incauto da língua,
no rumo do “eu te amo”.

nunca fui exangue de passos
e sempre que pude
caminhei pelo mais difícil.

forçar movimentos, dominar peristaltias,
fumar crisálidas e cuspir borboletas de artifício
é de minha essência nó em fumaça.

a bem da verdade,
por amor,
não há o que eu não faça

e bem sabe
minha amada
que por mais que a voz me falte,

não titubeio em subir à amurada do sol
para gritar seu incasto nome em chamas.


Anderson H. Ilustração: nebulosa de Órion, em imagem do telescópio Hubble.