sábado, 7 de fevereiro de 2009

Um ensaio.


E tu estás aqui de novo – destino insólito!

Trouxe até mim essas belas imagens – já anteriormente esquecidas, e corroídas pelo tempo.


Eu a coloquei como foco;

Eu a entorpeci com os efeitos sonoros dessa vida amarga!

Ela assim me arrastou e me dissecou internamente.

Estou agora pela metade; Tu levaste minha mente!


Sou – o que já não era.

Maldito seja o som das trevas!

Ecoam-se em meus ouvidos o teu bater nos ares envoltos em mentiras;

Consigo sentir teu cheiro em óleo das outras filhas;

Dessas ruas e desertos, nas quais tu dizes possuir.

E tudo não passa de um mártir!


Já pensei ser dona de minhas próprias falas – mentira! Carrego comigo uma leva de pombas giras; Que renascem a qualquer sintoma de amor a ti.


Religião sem fé – seca!

Pequena e imensa solidão – se embaraça e espaça-me aos dedos, tamanho torpor que tu me deixaste.


Alfaiates? Reerguem-se!

Deixam-se os velhos trapos de sonolência que vestimos – abandono!

Relevam-se os sonhos puros que cumprimos – assombros!

Fantasmas e deuses que tornamos a ver – Delírios!

Sinos e sinos!


Talvez não! Estejamos loucos, então!

Em teus olhos de tamanhas cores – desenho cores novas!

Semi-novas planícies de montanhas novas – mais novas do que os sentidos!

Qualquer fossem os dizeres agora...

Não seriam dignos de lágrimas vossas.

Senhorinha de tamanho imaculado – anjinho malvado.

Envolta entre mantos de mentira;

Tu és tua própria cria;

Teu princípio e teu prazer;

Sente-se feliz ao comover qualquer um de seus amantes;


Rodando sua saia afora;

Tua indecência – mente interna -, doçura infame;

Delícia entrando-me aos poros – sempre!

E fazendo-me lembrar de ti.


Só, eu não sou.

Não. Não és.

Somos. Podemos.

Morreremos sabendo.

Escrevemos e encenamos;

Deveras fossem nós dentre tantos;

Capazes de sermos – não fomos!

Nem seríamos - talvez!

Tamanho fosse o sofrimento de prazer,

Que teríamos ao nos encontrar.


Não hesitei em lutar por ti.

A categoria de minha falácia decai sempre – ruína!

Minha única menina – em um mundo com almas a me comprar.


Os instantes desgastam.

Recebo os passos de pessoas que não me vêem – risos!

Amigos, e familiares!

Palmas lineares!

Tudo muito ensaiado – peça e teatro!

Ruído calado de algo que eu disse.


Reino sozinha! Queimo-me!

Fogueira inquisidora;

Fácil conter-me em seus braços!


Restos. Apenas.

Inteiras são as pernas;

Que ousam trilhar o mesmo caminho.


Sozinha! Sempre!

Contigo em mente – contente!

Mentindo através do soluço e ardor;

Fingindo sentir amor por esse humano – sou!

Me envergonho...

Me calo...

Abandono o papel...

Deixo o corcel correr sozinho;

E me abençôo com o vinho.


(Imagem: Hyatt Moore - Flamenco Trail.)


Um comentário:

MARCELO FARIAS disse...

O mal do século (XIX) está de volta!