segunda-feira, 24 de março de 2008

dono da verdade


Lá fora chove forte, e eu aqui
Tentei em vão toda essa noite um poema,
Que paradoxalmente deveria ser "belo" e "meu".
Mas, falta-me ante o desespero de esperar-te
Palavras

Tudo o que emudece diz,
À sua maneira mascarada em desdém,
Um solitário e urgente "esperar",
De quando um dia seremos crianças
Daquelas que vemos andar de braços dados
Cantando um carnaval que não há

Um dia seremos crianças
Por que não? Sim!
Não é feio admitir sonhos tolos...
Seremos crianças confusas
Não saberemos dizer se são os pingos fortes dessa mesma chuva
eterna...
Ou se confetes de um carnaval melhor
Pois que será só nosso
Longe do perturbador!

Invejo a criança que
Sem descobrir ainda o empate, a tecla "pause", a cancela abaixada
É feliz nas "belles copies"
Usa máscaras de heróis
Canta desdenhando "Nãos" alheios

O "Não" que nos aparta
Passará
E voltará o carnaval
E cessará a chuva
E seremos Um

Nesse dia descobrirei porque nunca te dei esse poema
Pois verei que ele não me pertence
Esse poema é teu
E só por isso fez-se belo...

Um comentário:

Marcelo Farias disse...

Lindo! Lindo! Lindo demais! Zé... você é poeta!