
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
NOSTALGIA AROMÁTICA

terça-feira, 30 de dezembro de 2008
INFERNO REAL

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
UM DIA PERFEITO

Relógio mostrando a hora exata em que a bomba de Hiroshima explodiu.
TAO TE KING – Lao Tse.
Caro diário,
Hoje acordei prevendo ter um dia daqueles. Trabalhei até 01:30 da madrugada no projeto do supermercado. O senhor Ikeda o queria para hoje, sem falta, e perdi preciosas horas de sono para terminá-lo. Não ouvi o despertador tocando e Yoko teve de me balançar para que eu acordasse. Aprontei-me correndo e só tomei uma xícara de chá para aquecer as entranhas. Perderia tempo se pegasse o ônibus, por isso tive de gastar mais em um táxi. A manhã estava clara e ensolarada, alegre para quem quisesse passear, péssima para quem se atrasava para o trabalho. Para pessoas como eu, um Sol amarelo e radiante no céu apenas quer dizer “você está atrasado, vagabundo!”
Acenei para o primeiro táxi que passou. Ele parou... mas não para mim. Uma senhora idosa o pegou. Não sou um cafajeste, mas estava pouco propenso a cavalheirismos hoje de manhã. Por fim um segundo táxi parou. Entrei, informei o endereço e exigi ao motorista: _Rápido, por favor!... O motorista seguiu o mais rápido que a lei permite. Queria eu estar ao volante, ou estar em um filme americano, pois assim o carro estaria voando. Aliás, foi nesse momento que lembrei que já faz muito tempo que não assisto a um filme americano. Exatamente quatro anos, desde que foi declarada a guerra.
Olhei o relógio, eram 08:00 horas, eu já estava no atraso. Hoje seria dia de eu ouvir... O senhor Ikeda jamais perdoa. Penso mesmo que seu lugar não é em uma empresa de consultoria, mas no comando de uma tropa no Pacífico. Pena que ele não está numa... Um morteiro americano prestaria um grande serviço à humanidade em atingi-lo. Ao invés disso, quem é atingido por um torpedo é Yugoro, nosso ex-office boy. O tiro foi tão bem dado que o navio partiu-se ao meio. Sua família ainda teve sorte de ter seu corpo de volta. Se tudo der certo, Kojiro vai voltar para casa mês que vem, papai ficou muito abalado desde sua ida para a Manchúria.
Aliás, hoje também andei sofrendo abalos... Pouco depois das tomar o táxi, tive uma ligeira perturbação. Uma espécie de flash explodiu em minha vista e ouvi um estalo que fez meus ouvidos zumbirem. Fiquei tonto por um tempo, uns quinze segundos, talvez. Penso que fiquei mais perplexo do que tonto. Quando abri os olhos perguntei ao motorista se também havia visto um relâmpago. Ele riu e disse não ter ouvido falar em rumores de chuva pelo rádio. Perguntou em seguida se eu havia comido antes de sair. Ao responder-lhe que tomei apenas uma xícara de chá, ele arrematou que era isso, eu estava fraco.
Concordei inteiramente com ele, dormi mal e quase não me alimentei, devo ter tido hipoglicemia. De qualquer forma, saltei do táxi sentido-me melhor. Aliás, não sentido nada de errado. Entrei apressado no escritório e para minha surpresa... estava havendo uma festa!... O senhor Tanaka estava de pé sobre uma mesa, como em um palanque improvisado, fazendo um efusivo discurso. Os colegas o aplaudiam e reverenciavam calorosamente. Recitava poemas!... Eu sequer sabia que ele fazia poemas. Perguntei à Keiko sobre o porquê daquilo e ela simplesmente me respondeu que era dia de alegria, para eu me alegrar também e não fazer perguntas.
Logo em seguida, cantando em coro, todos seguiram para a sala de reuniões, onde a mesa exibia um copioso banquete. Meus olhos ficaram estarrecidos com tanta comida. Saburo pôs um disco na vitrola e todos começaram a cantar a música e balançar os braços. Foi neste instante que fiz a ele a pergunta fatal:
_Saburo... será que o senhor Ikeda vai gostar dessa bagunça? Aliás, onde está o senhor Ikeda?...
_Ora, Hiroshi, esqueça o senhor Ikeda, ele deve ter ficado preso no trânsito... ou no banheiro!... rra-ra-ra-ra... _respondeu-me sarcasticamente.
Com esta resposta, decidi simplesmente me juntar aos loucos, pois se fosse despedido, pelo menos seria num dia feliz. Tirei o paletó e fui comer, rir e brincar. Senhora Suzuki cantou esplendidamente para espanto de todos. E... de repente, em uma entrada triunfal, ao som de tambores e flautas, Michiko apareceu de kimono, com o cabelo impecavelmente arranjado e o leque nas mãos. Estava linda!... Meu Deus, como estava linda!... Ela começou a dançar enquanto senhora Suzuki cantava. Foi um momento mágico. Todos ficaram calados, deslumbrados com aquela beleza. É uma pena que ela seja casada... e eu também...
Quando ela terminou todos aplaudiram efusivamente. Kyoko, Haruko e as outras mulheres estavam com lágrimas escorrendo dos olhos. O senhor Matsushita enxugava as suas com o lenço. Em seguida, já começando a palhaçada, Saburo tirou um disco de dentro de um saco verde e aveludado. Escondeu-o atrás de si, olhou com um sorriso rasgado para todos.
_Aaaaahhh... adivinhem o que tenho aqui?...
Todos pediram para ele mostrar. Saburo então virou de costas, tendo cuidado de não mostrar a capa do disco. Tirou o vinil da capa, o pôs no aparelho e... era jazz!!! Louis Armstrong!
_Uuuuuuhhhh... fizeram todos aplaudindo e assobiando.
Dançamos o resto da manhã. Tive o imenso prazer de convidar Michiko para dançar, mesmo ela estando de kimono. Por sinal, o fato de o kimono ser apertado às pernas até deu-lhe um toque de Ginger Rogers. A festa terminou pouco depois do meio dia. Sai relaxado, carregando o paletó às costas. A rua também parecia alegre, muitas pessoas sorriam e se cumprimentavam cordialmente. Onde estava o sisudo corre-corre? Acenei para o primeiro táxi que passou e ele parou. O motorista abriu a porta sorrindo gentilmente. Conversamos durante a viagem e ele me falou que esta seria sua última corrida, pois ia sair de férias.
Eu olhava para as lojas e elas mais pareciam jardins, tantas eram as flores ornamentando suas entradas. Por fim cheguei em casa. Quis pagar o taxista, mas ele me surpreendeu:
_Não precisa, esta corrida foi cortesia.
Abri o portão de casa como se tivesse acabado de chegar de longas férias. Yoko e as crianças me receberam fazendo festa. Rodearam-me pulando e agarrando-me como se tivessem preparado uma surpresa. Novamente me espantei.
_Mas o que está acontecendo? Hoje é o dia dos loucos?... _perguntei bem humorado.
Entrei em casa abraçado à Yoko e com Ken e Tamiko me puxando pelas calças. A mesa estava posta de maneira simples, mas alegre. Sentamos, comemos e nos alegramos. Ao fim da refeição, Ken e Tamiko foram brincar e eu fui com Yoko tomar um banho. Ficamos juntos a tarde toda como se fosse um sábado. Ao cair da noite, ela foi contar estórias às crianças, que logo adormeceram. Depois, enquanto jantávamos tranqüila e confortavelmente, Akira e Haruko chegaram de surpresa. Os recebemos com muita satisfação e eles passaram a noite conosco, lembrando saudosamente o dia de nossos casamentos.
Não quis ser inoportuno, mas perguntei a Akira se ele já pagara sua dívida com o banco. Ele sorriu e respondeu:
_Ora, Hiroshi!... Nem lhe conto! O banco perdoou minha dívida. Ligaram para mim por volta das 08:00 horas e me disseram que eu havia sido agraciado com um prêmio. Meu prêmio é justamente não ter de pagar mais nada e ainda ter todo meu crédito de volta!... rra-ra-ra-ra...
Ao soar das 22:00 horas eles se foram. Quando nos recolhemos disse a Yoko o quanto estava estranhando tudo estar tão bem, tão perfeito.
_Até os Watanabe não fizeram barulho hoje. _comentei. _Aliás, eles viajaram? Sua casa está fechada, não há ninguém lá...
Yoko então segurou meu rosto com suas duas mãos e me disse ternamente:
_Por que se perturba Hiroshi?... Está tudo bem, querido. Tudo em ordem. Foi só um dia feliz, só isso. Vamos dormir, amanhã será um novo dia, você não tem de se preocupar. _ e tendo falado isso, olhou-me cheia de amor e beijou-me.
Estava deitado com Yoko ainda há pouco. Deixei-a dormindo profundamente na cama. Estou agora aqui, prestando contas a você como faço todas as noites. Confesso que ainda estou perplexo. Não apenas com tanta felicidade, mas com as ausências do dia de hoje. O senhor Ikeda não é de faltar e mesmo se faltasse mandaria algum recado. Os Watanabe não disseram a ninguém que iam viajar. Por sinal, ninguém soube me informar para onde foram ou porque partiram. Também acabo de lembrar que Jiro não ligou hoje. Ele sempre me informa o estado de saúde de papai.
É... meu caro diário, talvez eu seja, realmente, um sujeito muito preocupado que não sabe ser feliz, porque nunca se sentiu inteiramente assim. Penso que devo aprender a partir de hoje. É engraçado, nunca pensei que se precisasse aprender a ser feliz. De qualquer forma, o projeto que o senhor Ikeda queria está pronto e não terei de me preocupar com a gritaria dos Watanabe. Estou me sentindo muito bem, apesar do mal estar de hoje de manhã e não senti um pingo culpa pelo que fiz ou pensei. Mesmo quando me maravilhei com Michiko. Aliás, diário, sinceramente, felizes eram os xoguns que podiam ter várias mulheres. Fique com esta! Boa noite.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
DES,PAISAGISMO.JPG

BORDERLINE
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
ABORTO

terça-feira, 23 de dezembro de 2008
A DANÇA DE SALOMÉ

tem algo de inebriante.
O jogo entre a luz e a sombra
é como o espelho da alma.
A paixão é a pena que escreve o enredo da estória
e a felicidade é triste,
pois é triste ser feliz.
O amor dói
e o sono é o conforto temporário.
Meus sonhos não me deixam dormir.
Sonho como uma noite de verão!
O dia é a noite de uma estrela só
e a noite é o dia dos que sonham.
Não tenho religião.
O herói é filho dos deuses!
Deus criou a loucura
pra brincar de São João.
Perdendo a cabeça num prato
Na dança de Salomé.
Vamos perder a cabeça!
e brincar de esconde-esconde!
Na noite de São Nicolau
ressuscitaremos ao terceiro dia!
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
AS JURAS QUE FICARAM NA CALÇADA

domingo, 21 de dezembro de 2008
DEZEMBRINO

Hoje é o dia do Rogério da Balsa. O cliente mais abonado e, coincidentemente o ultimo patrão de Dezembrino. O da Balsa vinha toda quinta as cinco da manhã, e antes de começar o vai-e-vem do Rio Negro, fazia um vai-e-vem na mulher do Dezembrino. Hoje é o dia do Rogério da Balsa.
Dezembrino não podia mais enrolar aquela idéia. Hoje tira o pé da merda ou se lasca de vez. Era só abordar o macho na hora e pegar a grana. Escondeu-se debaixo do barraco e esperou. O da Balsa chegou batendo os pés para limpar as botas. O barro caindo na cabeça do Dezembrino.
Entre Rogério e Saturnia, nem bom dia. Direto pra cama coisas e fazer barulho. O homem debaixo da casa esperando. “Vixe, que é agora!” Sorrateiramente, pega a peixeira e vai pro quarto. O lençol sobe e desce no compasso do coração ferido do Dezembrino. Mira na nuca e enterra firme: “Uh!!” levanta o lençol e o Rogério o encara. Saturnia se debate aperriada e o sangue esguicha.
– Porra, mulher!! Não falei que esse negócio de mulher por cima é coisa de vagabunda, porra!!”
sábado, 20 de dezembro de 2008
ÉDIPO

Além Mundo

Sob o velcro do dia, os projéteis dissimulam em picadeiro,
Aos pensamentos que me tem em sabotagem,
Vazam espectros, de tormentas que distorcem sobre mundos.
Ao passante, tem por arte a pintura do passado,
Que distante, visa adentro das memórias e
Discorre ao próprio vândalo que intercede.
Implode ao real, por toda linha, as circunstâncias.
Entre a vontade que se move o cancro em atitudes,
E se estende em sol poente sobre os olhos.
Razões surgem surdas sobre as faces,
Por impulso que sussurra lentamente,
Arranhando pelo muro dos meus veios,
Vaga um mundo nas estradas, minhas veias.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
A ENTREVISTA

Não pude ir pela manhã porque acordei com uma puta ressaca e já passavam das onze, de modo que arrisquei ir à tarde. As três em ponto, eu já estava lá atravessando a rampa do Porto Hidroviário atrás da tal rádio. A tarde declinava em calor, tédio e ressaca. Eu ainda ouvia vozes dos bares de ontem chacoalhando dentro da minha cabeça. Alguém me informou que o estúdio ficana na parte superior e eu subi as escadas que me levariam finalmente à rádio. Como era uma sexta feira, o movimento era intenso no Porto, "Se aquela gente toda me ouvir vai ser muito legal!", eu pensei alegrementeenquanto passeava meus olhos ao redor. Chegando, dei logo de frente com o Saraiva, o locutor. Um cara com uma cara de Amado Batista; um rosto redondo e chato, mas ele me sorriu amigavelmente e pediu para que eu entrasse e sentasse enquanto anunciava a chegada de um barco que vinha de um interior desses qualquer. Quando pôde mé dá uma atenção, eu disse: "Sou um amigo da cantora Anne Rocha, ela canta na noite e divinamente bem, diga-se de passagem, (eu na verdade menti, nunca a vi cantar até ali, mas é preciso rolar os dados)ela falou da rádio e do espaço que eu poderia ter para eu divulgar o meu livro. Sou um escritor." Mostrei o livro pra ele. Ele pegou o livro. olhou a capa como quem se olha algo estranho, virou as páginas e deteve-se numa das linhas, foi aí que percebi que seu semblante foi ficando pesado à medida que ele aprofundava-se na leitura. Vi logo que o livro pareceu não agradar muito, dado a grave estética facial dele que se avolumava. Depois de um tempo, ele finalmente disse: "Mas isso aqui é um livro pornográfico!" Aquilo me pegou de surpresa. Reagi. "Livro pornográfico?" Me ajeitei melhor na cadeira e equilibrei o riso. "Meu amigo, voce fala aqui de vagina, pênis, cu e sei lá mais o quê, e vem me dizer que não é pornográfico? Eu não vou divulgar isso aqui na minha rádio não, cidadão." "São símbolos, metáforas; trata-se de um recurso estilistico muito usado pelos realistas mágicos." Tentei convencê-lo. "Mas olha isso aqui: "o pênis apontava em direção ao firmamento explicando as estrelas, pois que gostava tanto da física quanto das palavras." E olhando sério pra mim, disse: "O cara segurando um pênis, porra!" Começava a ficar engraçado. "Não há ninguém segurando o pênis, Saraiva (e eu já estava ficando intimo do cara) o pênis tem articulação própria, assim como a vagina e o anus, eles são membros desprendidos do corpo e portanto, tem vida própria, estão em busca de uma identidade, de afirmação, pois que não dependem mais do conjunto humano. É disso que eu falo: do desmembramento." "Meu amigo, isso aqui é uma rádio de respeito, lá embaixo tem gente de família, crianças e eles não vão gostar do que vão ouvir. Isso é literatura pornográfica!" "Não é não,Saraiva, está sendo taxativo, isso é literatura universal." "Se ainda falasse das coisas da terra, como os outros artistas que aqui estiveram, mas convenhamos, falar de vaginas e outros orificios, isso aqui não rola na minha rádio. " "Já tem gente que faça isso. Eu escrevo sobre outras coisas. " "Foi uma luta pra não tocar mais esses forrós de baixo calão, pra moralizar essa rádio, e voce vem com esse livro." Nesse instante, entrou um cara alto e bem vestido e interrompeu a conversa. Trazia consigo um cd da Mariza Monte e pediu para que o Saraiva tocasse.
Ele ouviu um pouco da conversa e quis saber com polidez do que se tratava, tendo em vista a irritação estampada na cara do Saraiva. "Este rapaz aqui quer divulgar um livro que ele escreveu, mas não tem condição, doutor. " Olhei de relance pro cara e notei que ele usava um crachá da policia civil. Agora ferrou de vez. Certamente ele iria pensar o mesmo. O mundo estava perdido. A minha literatura estava perdida. Pensei tudo isso. "Posso olhar?" Perguntou ele. "Sim, por favor!" " O conteúdo é pornográfico!" Insistiu o Saraiva. " Do que se trata o teu livro mesmo?" "Bom, - me posicionei como um pugilista pronto para um outro round -é sobre um órgão sexual feminino que surge na testa de um cidadão comum, aspirante a escritor, e esse órgão fala, tem vontade própria e acaba transformando a vida pacata desse cidadão num completo absurdo. Mas é claro que não se trata apenas disso, o livro trata também das relações humanas, da busca pela afirmação, do amor, de um cotidiano brutal a que todos nós incondicionalmente estamos inseridos. " "E o que há de errado nisso, Saraiva? Eu também tenho uma vagina na testa, você não?" Respirei com alivio. Havia ganho um aliado. "Deixa que o leitor faça a sua própria interpretação. Nelson Rodrigues - e aí ele se estendeu um pouco - foi um escritor muito censurado em sua época porque achavam que o que ele escrevia eram textos pornográficos, no entanto, o que ele falava era tão somente da hipocrisia de uma sociedade. E ele está aí, e é o mais lido na atualidade e eu adoro Nelson Rodrigues." E virando-se pra mim, perguntou: "Você já leu o Anjo Pornográfico?" "A biografia? sim, já li." (e eu de fato lera, também gosto de Nelson Rodrigues). "Viu Saraiva? vê-se logo que o jovem aqui tem leitura. Deixa o cara! Quanto é esse teu livro?" "R$10,00" Sacou da carteira com a insignia da policia civil e retirou de dentro dela a quantia certa. "Assina ai: Tenente Álvaro." Autografei o livro com uma satisfação e com uma alegria que não cabia dentro de mim. Fiquei imaginando a reação indignada do locutor com cara de Amado Batista. "Pronto!" Entreguei o livro a ele. "Vou ler ainda hoje. E não esquenta não, ele vai divulgar o teu livro, não é Saraiva?" E aquele homem bom e sensato despediu-se dando uns tapinhas nas minhas costas. Saraiva virou pra mim com uma cara de poucos amigos e disse: "Escuta, Mário, eu vou divulgar esse teu livro sem mencionar esses detalhes, embora eu não aprecie este tipo de literatura." E pegou o microfone e divulgou o livro. Foi estranho e engraçado ouvir o meu nome e o nome do meu livro sendo anunciado no alto falante de uma rádio. Não rolou entrevista alguma, é claro, tampouco apareceu alguém no estúdio para ver o livro. Mas que importância tem? Deixei o lugar com a certeza de mais uma vitória e subi feliz como um gigante pequeno a Avenida Eduardo Ribeiro em direção ao Bar do Lusitano para comemorar.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Extra Extra! Tecelão!

Com vida que se estende em corda por seus nós,
De linhas-palavras entrelaçadas por ponto e cruz,
Com verbo em agulha evocando a ação,
De driblas em meias-curvas, penetrando no corpo de vestes.
Dedilha em maestro um dedal,
Traja colete de versos brancos,
Economiza em estrofes pobres
Por não ter dinheiro do porte burguês.
—Dá bainha naquele impulso, Sinhá!
—Nossa! Cai como luva em seu inverno!
—Dá-lhe cinta! Segura o fecho mediano
Pra que não caia em samba, canção.
Acaba por fechar os botões (de rosa) da gola,
(H)À quem fica sufocado!
Em reservas por sua manga em punho,
Ao reger partitura nas meias, ou meios...
Guarda a máquina na cuca,
Desconfia das indústrias bélicas,
Lá pro meio das Avenidas,
Daquela de São Francisco à Los Angeles.
É empenho por comissão,
Crochê embotado e fora de moda,
Extra! Extra! Tecelão faliu!
Revolução Industrial!
Virou tecido sintético...
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
A ROSA E A RAPOSA

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Iris.

Ao compendio que se subentende sobre a face,
Pela maquiagem que lhe mente ao seu excelso...
De cinzas de tomos que se expressam,
Por ser dos sentimentos vulgo torpor do sonhador,
Que ora, pois, dos teus erros e sentires, tens de si, criador.
Estrelas que implodem em Super Nova!
Cuidado! Quer-se suicidar não pensa!
O próprio saber peca por se esquecer.
De acordes que destoam em réquiem,
Tragando com dissabor as palavras,
E findar barco à vela em deriva.
(Resposta ao Espinha Dorsal, de todo grado, mereça o resposteiro como presente de gratidão.Inté.)
domingo, 14 de dezembro de 2008
Espinha dorsal.

Singulares - as falcatruas nuas!
Puras e cruas - as palavras pronunciadas sem sentido;
Fingindo uma cor - lazer em dor -, não sabes o significado do amor;
Talvez o temor de sentir demais acabe comigo - contigo.
Flutuantes almas resistentes(?) - inconstantes somos!
Principiando o que mais poderia doer - o suicida sabe o que faz;
Suas vidas excitam os que não sabem seus valores.
O principal de tudo ainda são as letras;
Contente-se com o que carregas - lentamente -, indecentes são as afirmações jogadas ao vento.
(Resposta ao poema "Grilhões de uma Alma em revoada".)
Grilhões de uma Alma em Revoada.

Jazem taciturnos os filetes de alma da Vida,
Ela que vai desenhando o próprio demônio na alma dos homens.
De homem, ao que livre se desterra em razões e palavras que o elevam,
Se prende nos sentimentos que claustram os ventos do fôlego,
Que rasgam a pele do ânimo,que implode em tripas as verdades.
Ao abono que se abstém de glória, dos vícios e preceitos que cercam,
Por todo o adjunto que é o espírito, driblado por vontades, palavras imantadas,
Como ímã guiando por uma morte magnética, decifrado os vazios,
Buracos negros e lacunas da Vida, essa senhora virtuosa que sempre sabe
Onde colocar o ponto final.
Ao suicida, se tem somente por querer matar a dor,por certas memórias.(Ou a falta...)
Ao deserto que se tolda o mundo subcutâneo, é por miragens que se fazem as ilusões.
E por sístole, é o que se tem o recuar de todo compasso, revolta do marco e do ritmo.
É Tempo que toma chá com a Vida, só pra nos tirar das férias. Por findar em tragédia.
(Texto em resposta do Redoma de Vidro, que o resposteiro se faça suficiente e que supra a mote de tais versos, até logo.)
Redoma de vidro.

Sobro com uma parte de mim ainda dentro;
Recipiente sujo - nojento -, cinzeiro de demônios ligeiros.
Risos e vômitos sobre a alma que inventei;
Comédia longa e cansativa - nada mais me convêm.
Tirem-me a vida! Tirem me a dor!
Porém, que permaneça o calor desse inferno.
Inverno quente;
Ritmo contente que invadem nossos(?) ouvidos.
Escute-os...
sábado, 13 de dezembro de 2008
OS SAPATOS

É uma quinta-feira de julho e hoje eu sou o único homem na face da terra com essa cratera no peito. Clarice não me ligou. ainda bem que existem os sapatos. Sim, os sapatos! estão sempre presentes pra te confortar os pés e a alma. são sem dúvida os melhores amigos do homem. Sempre com voce, antes, durante e depois da sua morte. Ao contrário do que se pensa, não são os cães os melhores amigos, não: são os sapatos! Quanto mais velhos, mais solidários eles ficam. Vou à varanda olhar a rua antes de ir trabalhar. Depois do trabalho, já não faço muita idéia aonde vou. Quem sabe até ao bar mais próximo beber com meus sapatos novos; animar um pouco o meu dôce e pândego fígado. Olho o sol e ele me retribui com um sorriso caridoso. Faz sua parte lá de cima enquanto as coisas aqui embaixo se arrastam. ahhhh, se não fossem os sapatos! me sento aqui um pouco na varanda de casa e olho para eles. Sapatos novos! os vi expostos esta manhã na vitrine de uma loja na sete. estavam lá, pousados como pássaros. Dois belos e serenos pares de sapatos marrons que me acompanhariam desde então na minha árdua jornada de todo o santo dia. Sapatos para se usarem até a exaustão.
O funcionário se aproximou de mim e perguntou: "_Deseja alguma coisa, patrão?" "_Sim. Aqueles sapatos ali." "_Quanto o senhor calça?" "_38/39, eu acho." "_Vou pega-los." - Sentei um pouco e fiquei ali olhando para todos aqueles sapatos expostos na vitrine, como passarinhos. Me olhavam, me queriam. Se eu pudesse os levaria todos comigo. Não somos nada diante dos sapatos e isto é um fato. Toda nossa existencia miseravelmente humana não vale uma pedrinha dentro de um sapato. Meus prediletos morreram ao lado dos seus sapatos: Dickens, Dostoievsky, Genet, Bucowsky, Guimarães, Lima Barreto, Andersen, Artaud, uma porção deles. Antonin Artaud, por exemplo, morreu enquanto amarrava o cadarço de seus sapatos num quartinho, em Paris. Dickens achava seus sapatos um tédio, mas no fundo ele os amava. Pediu para ser enterrado com eles. Os sapatos são tudo na vida de um homem. Solidários, generosos e nos ouvem. Não falam, e claro, mas nos ouvem. Ficam ali paradinhos ouvindo as nossas dores. As dores do mundo. São os únicos que não se queixam da vida. São safos. O cara que os inventou tinha uma alma larga e generosa. Não custo a crer que os sapatos possuem alma, dada a relevância de seu caráter e de sua estética.
Ele tornou: "_Prontinho, meu patrão. Os seus sapatos!" Jás eram meus. Sorri. Perto, eram bem mais elegantes e austeros. Senti sua textura. Seu cheiro. Experimentei. Me senti leve e feliz. "_Então?" _Ele perguntou."_Couberam direitinho." Reparei que o vendedor calçava tênis em vez de sapatos, por isso perguntei: "_Voce não usa sapatos?" "_Não gosto de sapatos, patrão." "_Mas deveria." "_Porque deveria?" - Pensei um pouco. "_Porque os sapatos nos deixam mais humanizados." Sorriu novamente sem entender patavinas. Tinha um pouco mais de vinte. Foi divertido."_Essa é nova." _Ele me disse. "_Vou leva-los." "_r$45, com descontinho. "_Não me importei muito. Não me importo muito com o preço quando se trata de calçados. Dei mais uma olhadinha neles e me senti renovado. Foi como calçar uma alma nova. "_Acha que vou morrer aos 45?" perguntei pra ele. "_Que nada! o senhor ainda vai provar muitos sapatos." _Disse-me fazendo a notinha.Sai da loja calçando meus sapatos novos, radiante e feliz. Vejo-me aqui agora, sentado na varanda de casa, apreciando a tarde e curtindo os meus sapatos novos. Acho que não vou trabalhar, é. Ficarei aqui quieto no meu canto olhando para os bicos dos meus sapatos que me sorriem. Uma revoada de pombos grisalhos cruzam os céus da cidade em vôos rasantes. Pombos grisalhos como o tempo que se agrisalha. E Clarice que não me liga. Sabe o que eu acho? Acho que esses sapatos vieram em boa hora. Me ajudarão a cauterizar um pouco, a ferida que hoje eu trago no peito.
Para Mariza Marques. Manaus, 28 de março de 2007.
Márcio Santana. (blog: http://notasdeumdegenerado.blogspot.com/).
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
O SOLO SEM FINAL

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
FECUNDO

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
TINY BRICKS

Build a playhouse for me.
With tiny bricks painted red,
cut crystal windows,
miniature geranium beds.
Build a playhouse for me to play in.
Build a passion for me.
With small gestures and mounting tension.
Build a passion for me to play with.
TIJOLOS DE CRIANÇA
Construa para mim uma casinha de brinquedo.
Com tijolos minúsculos pintados de vermelho,
janelas de cristal lapidado,
canteiros de gerânio em miniatura.
Construa uma casa de brinquedo, para eu brincar nela.
Construa uma paixão por mim.
Com pequenos gestos e tensão crescente.
Construa uma paixão para eu brincar com ela.
Betty Vidgal (Liz).
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
IRA DE VERÃO
O OLHO

(René Magrite)
Um pouco mais calmo, Valdivino pôs-se a observar curioso o tal Olho. À parte do corpo que constitui o conjunto humano - raciocinou ele - um olho sozinho não teria função alguma, de modo que ele não poderia ameaçá-lo. Mas um olho é sempre um olho: Asqueroso. Punitivo. A função de um olho é tão somente a de bisbilhotar a alma alheia; cobrar dela aquilo que não se pode ver. Eis a função de um olho. Sem dúvida, o mais terrível dos órgãos. "Não é mesmo?" perguntou Valdivino ao Olho que não disse nada, limitando-se apenas a uma piscadela maliciosa. Valdivino recuou em passos leves de volta ao quarto, e ao lá chegar, cutucou a esposa que dormia á sono solto, sussurrando-lhe ao pé da orelha, "Mulher, acorda! Tem um Olho parado no corredor de nossa casa. O que faremos?" Em protesto a ouviu vociferar palavrões cabeludos que aqui não comvém mencionar. Amofinou-se. O queixo longo sobre as mãos em concha. Quem haveria de acreditar nele? E por que haveriam e acreditar nele? Quem até hoje acreditou na chuva de rãs coloridas que desabou no quintal de sua casa quando ele enviuvou de sua terceira esposa? E da pata de seu viveiro que às escondidas flertava com o rusker siberiano do vizinho ao lado, dando cria a oito cãeszinhos de igual raça? O mais recente daqueles casos escabrosos - e aqui ele lembra amargamente - quase foi linchado na fila de um banco ao afirmar veementemente que Cristo batera à porta de sua casa para juntos tomarem um aperitivo. É. Quem haveria mesmo de acreditar nele? E por que haveriam de acreditar nele? E quem era Valdivino afinal? O fato é que ele estava sozinho outra vez e agora às voltas com um Olho humano bloqueando-lhe a passagem.
AS PESSOAS NÃO CRÊEM NAQUILO
QUE ELAS NÃO QUEREM VER!
Desabafou Valdivino.
Voltou ao corredor decidido mesmo a encarar o Olho e acabar logo com aquilo. O Olho continuava lá, imóvel, porém mais gordo, pois que havia aumentado alguns diâmetros. Já poder-se-ia-ver a metade apequenada de Valdivino refletido dentro da pupila dilatado do Olho. Ele que nunca fez mal algum a um olho, perguntou, "O que você quer de mim afinal?" O Olho não disse nada. Olhava-o direto nos olhos. "Está atrapalhando a passagem e eu preciso ir ao banheiro." De nada valeu o apelo, o Olho só piscou em sinal de resposta . Valdivino sondou o sexo do Olho. Decerto que era um Olho feminino, levando em conta a delicadeza dos cílios e a pureza chamejante da íris. Ainda sim, era um Olho, e todo Olho é uma punição.
PUNIÇÃO
PUNIÇÃO
PUNIÇÃO
Uma solução imediata coriscou-lhe a mente. Pegou da espingarda presa à parede do corredor e apontou na direção do Olho, que aquela altura já havia crescido mais alguns diâmetros, tornando-se, portanto, mais asqueroso e ameaçador. "Diz logo o que voce quer?"
"BRAHMS!
BRAHMS!
BRAHMS!"Balbuciou o Olho. "Brahms? Mas que porra é essa de Brahms?" Valdivino engatilhou a arma no instante em que seu celular que ele trazia num dos bolsos de seu pijama ridiculo, vibrou. Atendeu. Uma voz lânguida e chorosa de mulher sussurrou do outro lado num tom conspiratório, peculiar das amantes. "Valdivino? Sou eu, amor, Ester! Por que não tem me ligado mais? Ando preocupada? O que tá acontecendo? Han? Fala Valdivino! Ela tá aí do teu lado, não é? Sei que tá; essa tua mudez eu conheço..." "Não posso falar com você agora, Ester." "Por que? Ela tá aí, não tá?" "Não é isso amor, é que tem um Olho bem no meio do corredor de casa; um Olho humano e eu preciso me livrar dele." "Um Olho, Valdivino? A desculpa agora é um Olho? A porra de um Olho, Valdivino?" "Amor, entenda..." "Sempre inventado coisas, Valdivino (E alterando a voz) VOCÊ É UM FILHO DA PUTA! UM GRANDISSISSIMO FILHO DA PUTA!"
"Querida, é verdade, juro!" "VOCÊ PEGA ESSE OLHO VALDIVINO E ENFIA ELE NO RABO!
E NÃO ME PROCURE MAIS!"
E é claro, desligou. Valdivino deu de ombros friamente. Voltou enfurecido para o Olho e tornou a apontar a arma em sua direção.
"BRAHMS! BRAHMS! BRAHMS!" O Olho insistia em tom jocoso. Um filete de lágrima descia calado pelo canto do Olho. Valdivino que podia ser bobo, lunático ou o que quer que fosse, mas não dado a chantagem alguma - e podia vir de quem quer que fosse, ainda mais de um Olho - disparou um certeiro no meio dele, dando o caso por encerrado. O interessante, e talvez ele não tenha se tocado disso, a não ser você e eu, leitor, é que o impacto do tiro sobre o Olho, foi semelhante ao estouro de um balão cheiinho d´água. Em menos de segundos, o globo ocular nada mais era do que uma poça de substancia cristalina e gelatinosa se espalhando pelo corredor. Valdivino tomou bastante cuidado para não escorregar na tal poça, e ao chegar ao banheiro ele pôde enfim urinar como um potrozinho. Depois voltou para o quarto e meteu-se debaixo do edredon para junto do corpo quentinho da esposa que ainda sonhambulava emitindo roncos de motor. Ele ficou ali de olhos abertos pensando que amanhã, após o trabalho, ele ligaria para a amante e tudo ficaria em paz outra vez. A vida é assim - pensou medianamente - é como um copo que sempre se recoloca de volta à prateleira, ou então como remendo de uma bota velha e gasta. Agora quanto ao Olho, jamais saberia o que ele buscava afinal. Mas e daí? foda-se! Ninguém iria acreditar mesmo!
E Valdivino fechou os olhos.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
POODLES VITORIANAS

sábado, 6 de dezembro de 2008
Construção

Resta, como não há esperança, o descuido
os homens põe-se a sonhar
e acabam desdobrando a vida
em pedacinhos de cimento
e descuidam da certeza
Eu, que há muito não vejo janelas,
faço força rumo ao teto
minha parede e poucas manchas
mas existem
pois descuido também
As manchas de minha parede são reflexos
dos meus descuidos e dos desdobramentos da vida
que, ainda em pedacinhos, são cimentos
em formas ignoráveis
sandias
assustadas
feliz será o dia em que a morte não fizer sentido
ao menos aos desdobrados
que do cimento sairão coroados
com a simplicidade do cimento em forma
eu continuo o mesmo
olhando minha parede e minha vida
não faz sentido
mas, ao menos, está em quadradinhos
todos aceitáveis
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
DESTILADOR
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Notre Sang.

Por acaso soubestes, qual força nos envolvia?
Quais sons profanos tu emitia;
Para que eu fosse amaldiçoada por inteiro?
Seu demônio ligeiro!
Trancastes-me dentro de seu peito,
E com desrespeito, me tirou o fim.
Me dando a vida eterna...
Devolva-me à ela! Òh, sentimento mundano!
Seus sons de tamanha proporção,
Me fazem gritar de emoção...
E me comandam por um inferno perfeito.
E já não me atrevo a tentar;
E nem ao menos tento.
Deixo.
“Re-deixo-te”!
Alimento-te com uma alma estranha;
Completamente banhada em lama,
Na qual estive submersa por anos.
Já não sinto.
Minto.
Sinto muito;
Teu puro afago, banhado em almas vadias;
Acompanham suas mãos frias,
Por dentro desses cálices profundos.
E pra você:
“Que se dane o mundo
Tenho comigo um belo cajado,
E poderia jogar carteado,
Com essas almas que possuo...”
Cruel.
Não, melhor!
És um resto de areia
Que apenas me cega, e se faz poeira
Diante de meus olhos.
Vá-se!
Deixe-se ir!
Não se permita prender agora;
Encontraremos-nos outrora;
Talvez numa outra estória...
Escrita por suas insanas mãos.
-14/11/2008.
POLAROID

terça-feira, 2 de dezembro de 2008
A FEBRE CAVA TEU DORMITÓRIO

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
SONETO CHEIO DE LIBERDADE
