sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O SOLO SEM FINAL




















Eu vi na face de um pequeno lodo
O chão abandonado à própria sorte
De cacto que geme em plena morte
De um germe deserdado pelo todo.

Banhei-me na tormenta que secou-se
Por boca de um crepúsculo sem dentes
Em baldes de quimeras, pés dormentes
Sem voz do meu resíduo que calou-se.

Eu durmo numa rede presa em mangue
Com rastros de uma corda-mãe profana
Nas bênçãos de poeira em todo mal.

No testamento que eu vivi com sangue
A capa era uma cruz parnasiana
E a letra era um solo sem final.



dos Anjos. Ilustração: John "Bonzo" Bonham em ação.