quinta-feira, 22 de novembro de 2007

POETAS CINZAS

O Filho do Homem - René Magritte



Aos modernistas



Um parnasianismo concreto,
um simbolismo de gravata e paletó,
tomou conta do mundo após 17.
Os burocratas fazíam versos
no lugar dos nobres e plebeus,
cantando o desencanto do mundo azul,
ao viverem num mundo cinza.
Os anjos lhes davam saudades,
os cupidos acenavam amores,
plenos de inocência perdida.
É difícil ser moderno...
O escritório não promete amor.
Talvez as esquinas escondam bardos,
menestréis cantores de jazz,
negros como a noite e o asfalto,
que sustenta carros sem cavalheiros,
mas com cavalos.
Funcionários hábeis de escrita,
que assinam rubricas,
carimbam papéis,
lêem depressa o jornal
e documentos infindos,
os burocrtas escrevem bem.
Nos tec-tecs das máquinas,
no tic-tac das horas,
que caem sobre o cinzeiro,
cantam a certeza da morte.
Última instância romântica,
ultraromântica sempre!



Marcelo Farias - Ultramodernidade

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