quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

ADOTE UM MALDITO
















Teu sorriso mordeu minha alma,
raiva prenunciada,
espuma vermelho-prateada,
cachorra louca a arder nas noites de verão!
Os visinhos me atiram coisas
quando subo no telhado
para uivar o amor maldito.
Ouço de harpa no teu grito
e ganidos de motores
na minha respiração.

Tudo em tom maior,
em uma valsa para as estrelas,
dose alta de delírio diário,
escárnio e confissões
(o que move
e dá sentido!),
pele, que escama virgem.

Saio de mãos dadas com Freud pela rua de terra.
Brincamos no barro
e ele explica que nem tudo
tem explicação.
Choro charutos dourados que me baforam.

Vazo poesia pelos poros,
a imundície lírica me entorpece
e me cala a boca cheia de formigas.
Túnicas e dedais.

A princesa se enforca na torre.
A solidão a levou à roda-gigante.
Preferiria me jogar,
o vôo é minha predileção.




Rita Medusa. Ilustração: cena de Maldito Coração, de Asia Argento, 2004.

Um comentário:

Marcelo Farias disse...

Loucura pouca é bobagem... Delirante!!!